Pequim, 16 abr 2021 (Lusa) — O Presidente chinês, Xi Jinping, criticou hoje perante Emmanuel Macron e Angela Merkel as “barreiras comerciais” criadas em nome das alterações climáticas, numa altura em que uma taxa de carbono está a ser estudada pela União Europeia.
O chefe de Estado chinês, o seu homólogo francês e a chanceler alemã abordaram hoje por videoconferência as alterações climáticas e a saúde, em preparação de várias reuniões internacionais importantes sobre essas questões.
A primeira será a cimeira virtual sobre o clima prevista para 22 e 23 de abril, uma iniciativa do Presidente norte-americano, Joe Biden. Xi Jinping ainda não confirmou a sua participação.
“A resposta às alterações climáticas é a causa comum da humanidade”, declarou hoje o Presidente chinês aos seus interlocutores, segundo a televisão pública CCTV.
“Não deve tornar-se uma questão geopolítica, alvo de ataques de outros países ou um pretexto para criar barreiras comerciais”, adiantou.
Os eurodeputados abriram caminho em março para uma taxa de carbono que penalizaria certas importações (eletricidade, cimento, aço, alumínio, vidro, etc.) de países fora da União Europeia (UE) com regras ambientais menos rigorosas.
A Comissão Europeia proporá até junho o seu texto antes de o submeter aos Estados membros. O mecanismo deverá entrar em vigor até 2023.
Xi Jinping reiterou hoje as grandes promessas da China sobre a questão: o primeiro emissor mundial de gás com efeito de estufa começará a reduzir as suas emissões de CO2 “antes de 2030” e atingirá até 2060 a “neutralidade carbónica”.
“A China fará o que diz e com o que fizer atingirá os seus objetivos”, comprometeu-se o Presidente chinês.
Apelou às economias desenvolvidas para “darem o exemplo sobre a redução de emissões” e “fornecerem apoio” financeiro e técnico aos países em desenvolvimento para fazerem face às alterações climáticas.
O Eliseu limitou-se a indicar que os dois dirigentes europeus “exprimiram as suas expectativas em relação à China de um objetivo mais ambicioso” de redução dos gases com efeito de estufa e “insistiram na necessidade” de Pequim reduzir o seu financiamento de grandes projetos com impacto carbónico negativo.
“Angela Merkel insistiu na relação económica euro-chinesa onde temos expectativas em termos de reciprocidade e de condições justas de concorrência”, referiu ainda a presidência francesa.
No que se refere ao tratamento dos uigures, grupo étnico predominantemente muçulmano, e à situação em Hong Kong, Paris assegurou que a França “pede sistematicamente à China para avançar” na questão dos direitos humanos e na ratificação da Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A videoconferência entres Xi, Merkel e Macron ocorreu numa altura em que o emissário norte-americano para a crise climática, John Kerry, visita a China, encontrando-se atualmente em Shanghai (leste).
Outras reuniões importantes em termos ambientais previstas para este ano são a COP15 biodiversidade (em outubro na China) e a COP26 clima (em novembro em Glasgow).
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