TORRES NOVAS REGRESSA À IDADE MÉDIA PARA RECEBER OS REIS D. FERNANDO E D. LEONOR

idade_mediaAs cortes anualmente transformam a cidade de Torres Novas que regressa à Idade Média a partir de quinta-feira e até domingo, transformando o seu centro histórico para um cenário que remete ao ano de 1375, quando a vila resistiu ao invasor castelhano.
Realizada pelo quinto ano consecutivo, agora já sem apoios comunitários, a Feira Medieval de Torres Novas tem este ano por tema “Na senda de Gil Paes — recordando o sacrifício do herói”, o alcaide torrejano que resistiu ao exército castelhano, mantendo-se fiel a D. Fernando I.
Ao longo de quatro dias, as ruas do centro histórico de Torres Novas vão animar-se com performances musicais e teatrais, bailes, artesãos e cozinheiros, reis e mendigos.
Na quinta-feira à noite, a “ronda do pregão” assinala o anúncio da “vinda d’el Rei”, chamando o povo a acorrer à feira para vender o pouco que tinha (uma grande seca atingia o reino e a fome começava a generalizar-se) e ouvir as novas do monarca.
Os reis D. Fernando e D. Leonor Teles, acompanhados da princesa Beatriz, chegam à vila na noite de sexta-feira, anunciando o rei, no sábado à tarde, a Lei das Sesmarias, promulgada dias antes em Santarém e que visava fixar os trabalhadores rurais às terras e diminuir o despovoamento numcontexto de prolongada crise económica agravada pela peste negra.
Antes de visitar a obra de reconstrução das muralhas da vila, destruídas dois anos antes pelas tropas de Castela, D. Fernando ouve ainda as petições e anseios dos homens da vila e fala de outros assuntos prementes que ao povo interessa ouvir.
A visita à obra da cerca culmina com um espetáculo de cavaleiros, participando o rei, à noite, na Ceia dos Alcaides, que junta o alcaide atual, Fernão Gomes da Silva, e o velho Gil Paes, “intrépido alcaide que negou trair seu rei perante a força e a ameaça do agressor”, seguindo-se um baile na “grande praça”, hoje Praça 5 de Outubro.
Domingo, é dia de homenagem a Gil Paes, com o rei a agradecer “o seu sacrifício pela coroa e confiando-lhe, em reconhecimento, a educação da jovem infanta D. Isabel”, culminando o evento com o Cortejo de Despedida.
Ao longo dos quatro dias, pelas ruas e praças andarão músicos e atores, como os Trabuco, o Bobo da Corte, os Oriental Ensemble, os Goliardos, Strella do Dia, Eduardo Dias Martins (harpa celta), os Colibry, os Gadilus, os Gambuzinos, os Bufarinhões (vendilhões que apregoam as suas mezinhas), os Rua’Da e Saltarellus, os Demuus (com as suas histórias de monstros, espíritos e demónios).
Teatro, justas de cavaleiros, um cortejo medieval das escolas, oficinas (caça com aves, esgrima medieval, olaria, alquimista, tratamento de lã, arco e flecha, confeção de velas, caligrafia e iluminura, trabalhos manuais), exposições (como a de trajes confecionados na oficina que funcionou durante o mês de maio ou a do elmo medieval existente no museu municipal) são outros eventos agendados.
Findo o programa de apoio comunitário, o evento mantém-se, agora com entradas pagas (4 euros o bilhete único,
seis euros a pulseira para todos os dias) e aluguer de fatos medievais.