TAP vai repensar a sua participação e manutenção na Groundforce — Governo

Lisboa, 24 mar 2021 (Lusa) — O ministro das Infraestruturas disse hoje que a TAP vai repensar a sua participação e a sua manutenção na Groundforce e reiterou que não há planos para substituir a empresa de assistência em aeroportos por ‘self handling’.

“Sim, a TAP vai repensar a sua participação na Groundforce e a sua manutenção na Groundforce”, disse o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que está a ser ouvido na Assembleia da República, em resposta à deputada Isabel Pires, do Bloco de Esquerda.

O governante reiterou, no entanto, que isso nada tem a ver com “o receio que possa existir” de que a TAP se prepara para fazer ‘self handling’, modalidade em que a própria companhia aérea assegura os serviços de assistência nos aeroportos, sem recorrer a prestações de serviço.

“Aquilo que eu posso dizer aqui é que não é objetivo do Governo que a Groundforce caia ou desapareça, nós não pretendemos substituir a Groundforce por ‘self handling’, não é esse o nosso projeto, não é essa a nossa intenção”, sublinhou o ministro.

Pedro Nuno Santos disse que o futuro da empresa de ‘handling’ ainda não está definido, uma vez que a o grupo TAP é acionista minoritário da Groundforce com 49,9% do seu capital, mas que há “um processo a decorrer” que exige “alguma paciência”.

“A participação da TAP na Groundforce, essa sim, está a ser equacionada”, reiterou.

Depois de semanas de negociações com o acionista privado, Alfredo Casimiro, que detém 50,1% da Groundforce, foi possível chegar a um acordo para desbloquear verbas para o pagamento dos salários em atraso aos 2.400 trabalhadores de ‘handling’ e para fazer face às despesas mais prementes.

O acordo prevê que a TAP (acionista minoritário e principal cliente) compre por cerca de sete milhões de euros os equipamentos da empresa de ‘handling’ e que a Groundforce pague 461.762 euros mensais à TAP pelo aluguer dos equipamentos que a companhia lhe comprou.

Em fevereiro, Alfredo Casimiro comunicou aos trabalhadores que não receberiam o ordenado daquele mês, porque a TAP ia deixar de adiantar dinheiro à Groundforce, conforme vinha a fazer desde agosto de 2020.

Inicialmente, a empresa de ‘handling’ pediu ao Governo um empréstimo de 35 milhões de euros, tendo o Ministério das Infraestruturas, segundo explicou hoje Pedro Nuno Santos, feito a ligação entre a empresa e os ministérios das Finanças e da Economia, que tutela o Banco de Fomento.

Depois de vários dias de negociações com a TAP, em que eram exigidas as ações de Alfredo Casimiro na Groundforce como garantias para o adiantamento da TAP e para o empréstimos com aval do Governo, o acionista privado informou que as mesmas já estavam empenhadas, tendo sido conhecido, posteriormente, que é o Montepio que detém esse penhor.

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