Lisboa, 31 mar 2021 (Lusa) — Os roubos a farmácias, residências, edifícios comerciais ou industriais, bombas de gasolina e viaturas, a extorsão e os homicídios são os crimes violentos e graves que mais subiram em 2020, revela o Relatório Anual de Segurança Interna.
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2020, hoje entregue pelo Governo na Assembleia da República, dá conta que a criminalidade violenta e grave registou uma diminuição de 13,4% no ano passado em relação a 2019, passando das 14.398 participações para as 12.469.
Também a criminalidade geral registou menos 36.817 queixas às forças e serviços de segurança no ano passado em relação a 2019, passando das 335.614 para 298.797, o que corresponde à diminuição de 11%.
O RASI, que congrega todos os dados relativos à segurança interna de 2020, destaca que “os resultados de 2020 constituem o valor mais baixo de sempre”, um ano que ficou marcado pelas restrições associadas ao combate à pandemia, tendo Portugal decretado sucessivas declarações de alerta, contingência, calamidade e vários estados de emergência, o que obrigou a “uma enorme exigência” das forças e serviços de segurança.
No âmbito da criminalidade violenta e grave, os crimes que registaram subidas mais relevantes em 2020 foram o roubo a farmácias (52,1%), seguido de extorsão (30,2%), roubo a posto de abastecimento de combustível (16,8%), roubo a residência (14,85), resistência e coação sobre funcionário (12,5%), roubo de viatura (11,9%), roubo em edifícios comerciais ou industriais (10,6%) e homicídio voluntário consumado (4,5%).
Já as maiores descidas verificaram-se nos crimes de roubo a ourivesarias (62,5%), pirataria aérea outros crimes contra a segurança da aviação civil (60,5%), roubo por esticão (26,9%), violação (26,9%), rapto, sequestro e tomada de reféns (24,9%), roubo na via pública exceto por esticão (20,7%), roubo em transporte público (18,4%) e ofensas à integridade física (12,9%).
No âmbito da criminalidade geral foi o crime de desobediência que mais subiu em 2020 devido à pandemia e às medidas restritivas, totalizando 4.106 (mais 57,6%).
No entanto, o crime de burla informática e nas comunicações regista, pelo terceiro ano consecutivo, um aumento superior a 20%.
No ano passado ocorreram 19.855 crimes de burla informática e nas comunicações, mais 21.7% do em que 2019, tendo também sido registado um aumento de 10,6% das burlas de fraude bancária, num total de 2.714, e uma subida do crime “outras burlas” de 22,7%, que somaram 13.427 em 2020.
O RASI dá também conta que em 2020 se registaram subidas nos crimes de lenocínio e pornografia de menores (91,2%) e condução sem habilitação legal (+33,5%).
Os crimes que diminuíram foram os furtos de oportunidade de objeto não guardado (-41,3%), contrafação, falsificação de moeda e passagem de moeda falsa (-33%), ofensa à integridade física voluntária simples (-21%), outros furtos (-19,8%) e condução com taxa de álcool (-18,8%).
Apesar de ter diminuído (5,5%), o crime de violência doméstica contra cônjuge ou análogo continua a ser a tipologia criminal mais participada em Portugal.
Os distritos de Lisboa (-17,2%), Leiria (-14,8%), Porto (-12,8%), Faro (-12,7%) e Castelo Branco (-12,5%) foram os que registaram uma diminuição da criminalidade geral em 2020, tendo apenas se verificado uma subida na Região Autónoma dos Açores (+1,5%).
Também os Açores (33%) e os distritos de Coimbra (5,2%), Castelo Branco (22%) e Setúbal (2,7%) registaram subidas quanto á criminalidade violenta e grave.
O RASI congrega os dados referentes à criminalidade participada por oito Órgãos de Polícia Criminal (OPC): Guarda Nacional Republicana (GNR), Polícia de Segurança Pública (PSP), Polícia Judiciária (PJ), Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Polícia Marítima (PM), Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e Polícia Judiciária Militar (PJM).
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