Um conjunto de acionistas do BES está contra a revisão do regime das pensões dos administradores executivos do banco por suspeitar que o novo método de cálculo visa garantir o pagamento de reformas milionárias e proteger as pensões da queda das remunerações variáveis.
A questão foi levantada na assembleia geral (AG) de março, em que o novo regime foi aprovado. Um desses acionistas pediu formalmente ao presidente do conselho de administração do BES, Alberto Pinto, a anulação do novo regime. O método de cálculo aprovado corresponde “à soma do valor da remuneração fixa anual do administrador executivo no último ano em que exerça funções com a média das remunerações variáveis auferidas durante todo o tempo em que o gestor desempenhou funções executivas.
No anterior regime, de 2011, contavam para o cálculo a média dos salários variáveis dos últimos 12 anos. Os acionistas argumentam que a mudança serve para contornar o facto de a remuneração variável ter caído 63% nos últimos anos. Criticam ainda o facto de não ter sido contabilizado o impacto da revisão na estabilidade do fundo.
O CM apurou que as dúvidas foram levantadas por um único acionista. O mesmo que pediu a anulação da revisão e que estará ligado a Pedro Queiroz Pereira, líder da Semapa, que está em litígio com a irmã Maude e com o Grupo Espírito Santo (GES). O acionista que abordou o tema na AG e enviou a carta à administração do BES é Nuno Correia Lopes, advogado do escritório que tem como sócio principal Júlio Castro Caldas, que representa Pedro Queiroz Pereira em processos internacionais. Ao que o CM apurou, o líder do conselho de administração já respondeu ao acionista dando conta de que todos os esclarecimentos foram dados na AG por Amílcar Morais Pires e Rui Silveira, sublinhando que a revisão do fundo de pensões foi aprovada com 92% dos votos.