REGRESSO ÀS AULAS CUSTA 100 MILHÕES A FAMÍLIAS

Fernanda Costa tem três filhos em idade escolar e espera gastar 200 euros
Fernanda Costa tem três filhos em idade escolar e espera gastar 200 euros

Poupar. Poupar, muito. Este é o desejo da maioria dos pais, que enchem os centros comerciais e as lojas para comprar o material escolar dos filhos. A poucos dias para o início das aulas – o ano letivo inicia – se entre 12 e 16 – as famílias procuram as melhores promoções para reduzir ao mínimo indispensável os gastos com mochilas, estojos, cadernos e lápis. Um negócio que pode render às grandes superfícies mais de 100 milhões de euros, isto se cada um dos 1,8 milhões de alunos do Ensino Básico e secundário gastar uma média de 55 euros.
Com as cada vez maiores dificuldades das famílias em conseguir cumprir os já reduzidos orçamentos, o regresso às aulas representa um peso extra nesta altura do ano. Especialmente quando há mais do que um filho em idade escolar.
“Só em manuais escolares são cerca de 500 euros”, lamenta Fernanda Costa, funcionária pública, mãe de três filhos: “Quero gastar o menos possível. A Sofia entra este ano na escola, o Bruno, tem 9 anos, vai agora para o 5º ano, e o Filipe vai para o 10º ano. Espero não gastar mais de 200 euros em material escolar”, explica esta mãe.
Neste e em muitos outros casos em todo o País, não se pode comprar um artigo para cada um dos filhos. A solução passa pela partilha entre irmãos.
O pior, lamenta Carmen Araújo, mãe de duas crianças já na escola, é a lista de material que cada escola pede aos alunos. “Tenho uma ideia do que posso precisar para o mais novo, que vai agora entrar na escola. Ela já vai para o 2º ano e já deu para perceber o que vou ter de comprar”, contou ao Correio da Manhã, enquanto fazia compras no Jumbo, em Alfragide (Amadora). “Não me vou livrar de gastar pelo menos 250 euros só em material escolar”, acrescentou. Já Marisa Paulino foi às compras com a irmã Iara, que vai frequentar o 6º ano de escolaridade. “Estamos a comprar o básico, poucas coisas, para não acontecer o mesmo do ano passado, quando comprámos uma coisa e a escola queria outra”, contou.
“O rendimento das famílias diminuiu, os livros estão mais caros e a despesa com o material é bastante significativa. Há famílias que recorrem aos manuais emprestados, mas esta solução resolve apenas parte do problema. Muitas vezes a compra é fracionada”, refere ao Correio da Manhã Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais.