REDE DE FRAUDE EM VENDA DE MATERIAL DA POLÍCIA DESMANTELADA EM ESPANHA

policiaDez pessoas foram detidas numa operação em Espanha, Portugal e Luxemburgo por alegado envolvimento numa rede empresarial responsável por uma fraude de milhões de euros num contrato de venda de material policial a Angola.
A Guarda Civil em Madrid explica que uma das 16 rusgas levadas a cabo durante a operação foi realizada em Portugal e foram detidas nove pessoas em Espanha e uma no Luxemburgo, por estar em causa, uma fraude relacionada com um contrato de mais de 150 milhões de euros para a venda de material policial a Angola.
Um dos detidos na operação é Beatriz García Paesa, sobrinha de Francisco Paesa, empresário que, no passado, já esteve relacionado com negócios fraudulentos de armas também com Angola.
Beatriz García Paesa pertence a um escritório de advogados com sede no Luxemburgo e terá sido assessora da rede de empresas suspeitas de fraude.
Apenas uma parte do material policial acordado no contrato chegou a Angola, tendo o resto do dinheiro sido desviado para paraísos fiscais com operações de branqueamento de capital.
Denominada “Angora” a operação contra a corrupção internacional está a ser desenvolvida em colaboração com a polícia do Luxemburgo.
A Guarda Civil explica, em comunicado, ter recebido em 2013 informação das autoridades daquele país que davam conta da chegada de dezenas de milhões de euros de contas bancárias espanholas.
A Unidade Central Operativa (UCO) começou a investigar e comprovou que os fundos tinham origem num contrato entre o consórcio União Temporal de Empresas (UTE) e o Governo angolano para a venda de equipamento policial ao país.
O Governo angolano pagou 152 milhões de euros por esse contrato mas nunca recebeu a totalidade do material previsto, tendo o contrato sido usado para desviar parte do dinheiro através do Luxemburgo.
Para esse desvio colaborou o escritório de advogados investigado que terá criado uma estrutura financeira, com base em vários paraísos fiscais em vários países, para branquear o capital.
As autoridades de Espanha e do Luxemburgo chegaram a criar uma equipa conjunta para investigar o caso.
A operação envolveu 16 rusgas, 13 delas em Espanha, duas no Luxemburgo e uma em Portugal.
Foram confiscados 116 mil euros, 200 libras e mais de 16 mil dólares, além de muito material informático e documentação, tendo sido bloqueadas contas bancárias, imóveis e veículos.