REALIZADOR MOSTRA SOLIDÃO DA CIDADE

O espetáculo de Marco Martins é uma alusão à forma alienada como se vive nas grandes cidades
O espetáculo de Marco Martins é uma alusão à forma alienada como se vive nas grandes cidades
O espetáculo de Marco Martins é uma alusão à forma alienada como se vive nas grandes cidades
O espetáculo de Marco Martins é uma alusão à forma alienada como se vive nas grandes cidades

O realizador que assinou ‘Alice’ e ‘Como Desenhar um Círculo Perfeito’, que está cada vez mais dedicado ao teatro, estreia na sexta feira, 6 de setembro, às 21h30, no Teatro Municipal Maria Matos, um espetáculo que não é teatro, não é dança, não é música – e é tudo isso. ‘Two Maybe More’, que é como quem diz ‘dois talvez mais’, é um trabalho multidisciplinar que resulta da vontade que Marco Martins tinha de trabalhar com os coreógrafos Sofia Dias e Vítor Roriz, aos quais se juntaram o compositor Pedro Moreira, o escritor Gonçalo M. Tavares, o Coro da Gulbenkian e os músicos da Circular Ensemble.
Em cena, caixas e mais caixas de madeira enchem o espaço. Depois, chegamos intérpretes – dois bailarinos/atores e oito cantores/bailarinos/atores. Os primeiros apresentamos restantes: “Um é um homem, um é uma mulher, um dorme mal, um está a ver televisão, um quer mudar de casa, um quer mudar de sexo…”E assim por diante. As personagens partilham as caixas, lutam por elas, habitam nelas como se fossem as suas casas, mudam de caixa, moldam-se às caixas. Fala-se muito pouco em palco, sempre em inglês, e Marco Martins admite que, neste trabalho, estava mais interessado em “criar imagens e suscitar emoções” do que em dar um sentido à ação. Apesar disso, há uma narrativa que cada um deverá ser capaz de ler naquilo que vê.
“Destino o meu trabalho a todo o público”, diz. “A linguagem da dança é abstrata, mas acredito que a mensagem aqui contida possa chegar de formas diversas a diferentes tipos de público.
”Afinal, ‘Two Maybe More’ é uma alusão mais ou menos evidente à forma alienada e alienante como se vive, hoje, nas grandes cidades, e sublinha a solidão reinante nos aglomerados urbanos: quanto mais gente temos em torno de nós, mais sós nos encontramos. Para ver até 14 de setembro.