Três colegas dos menores abusados pelo padre Luís Miguel Mendes, o vice-reitor do Seminário Menor do Fundão que está a ser julgado por abusos a seis jovens, contaram que as vítimas estavam a planear filmar com um telemóvel os abusos cometidos pelo sacerdote.
Os pormenores do plano foram revelados nos depoimentos para memória futura, que as testemunhas prestaram em dezembro do ano passado e que ontem foram ouvidos pelos juízes em tribunal. Todos os alunos que frequentavam o Seminário foram ouvidos. Assim, nenhum tem de ir prestar depoimento em tribunal.
Ontem, ao contrário da primeira sessão, o padre não teve a possibilidade de entrar escondido no tribunal. Entrou e saiu pela porta principal.
As três testemunhas revelaram, nos depoimentos, que souberam o que se passava dias antes de o padre ser preso, a 7 de dezembro do ano passado. Enquanto esperavam o autocarro para as escola, as vítimas contaram que eram abusadas sexualmente e planeavam levar um telemóvel escondido para a camarata – os aparelhos eram retirados ao anoitecer. Um dos meninos tinha, já nessa altura, contado o que se passava à mãe e também ela aconselhou o filho a arranjar provas, antes de fazerem queixa. “Da próxima vez não o vou deixar fazer nada, temos de o apanhar”, desabafou na altura uma das vítimas. O caso acabou, no entanto, por ser descoberto antes de o plano dos jovens ser colocado em prática.
Durante a tarde, foi ouvida a primeira vítima do padre. O jovem, que foi abusado em 2007 e hoje tem 21 anos, foi ouvido num outro tribunal através de vídeoconferência, isto depois de o CM ter denunciado que a vítima não tinha proteção do tribunal. O jovem confirmou os abusos.