São Tomé, 18 set 2020 (Lusa) – A Ação Democrática Independente (ADI), na oposição em São Tomé e Príncipe, reúne-se em conselho nacional no sábado, na capital do país, tendo como principal ponto da agenda a marcação do congresso para a escolha de um novo líder.
Este será o terceiro conselho nacional em dois anos que vai definir uma data para a realização de um terceiro congresso também em dois anos.
“O primeiro ponto da agenda desta reunião é ouvir os conselheiros para a data da marcação do congresso e o segundo ponto é a reorganização do partido”, disse à Lusa uma fonte partidária.
Com 25 dos 55 assentos no parlamento do arquipélago, o ADI vive uma divisão interna que criou duas alas no seu seio e que se agudizou, depois de perder as eleições legislativas e autárquicas de 2018.
Após concluir um mandato de quatros anos com uma maioria absoluta de 34 deputados, os eleitores retiraram a confiança a Patrice Trovoada, principal figura do partido e do governo.
O então líder e ex-primeiro ministro abandonou o país logo depois de conhecer os resultados eleitorais e demitiu-se do partido.
“Era aquilo que era necessário fazer depois de uma derrota eleitoral, depois de ter assumido, durante quatro anos a chefia do governo, depois de ter sido o rosto da ADI, do Governo e da agenda de transformação”, justificou Trovoada.
O ex-primeiro ministro defendeu ainda que “era necessário tirar as consequências do resultado eleitoral e permitir que uma equipa” do partido pudesse “avançar com esse trabalho de reestruturação do partido até ao congresso”.
Nos últimos dois anos, o Ação Democrática Independente realizou dois congressos e elegeu dois líderes. O primeiro congresso elegeu Agostinho Fernandes, um antigo ministro da Economia do Governo de Patrice Trovoada para líder do partido.
O resultado deste congresso não foi reconhecido pela ala do partido liderada por Abnildo de Oliveira que reuniu a comissão política e decidiu expulsar vários dirigentes do partido, designadamente Agostinho Fernandes, Álvaro Santiago, Arlete Zeferino, Arlindo Ramos, Cecílio Quaresma, Ekneidy dos Santos, Hamilton Sousa, Ilza Amado Vaz, Levy Nazaré, Octávio Boa Morte, Olinto Daio, Pedro Carvalho, Vitorino do Rosário e Wadson Almeida.
Num segundo congresso que se realizou alguns meses depois Patrice Trovoada foi novamente eleito através de uma candidatura feita a partir do estrangeiro.
Em 10 de julho último o presidente da ADI, Agostinho Fernandes, renunciou ao cargo, alegando falta de consenso para realizar um novo congresso para tirar esta formação política de uma “profunda crise”.
Com esta renúncia, o partido devolveu “assim à comissão política os poderes estatutários para se assim entender prosseguir com a missão de preparação e realização, logo que seja oportuno de um novo congresso eletivo”, disse em comunicado Agostinho Fernandes.
O conselho nacional de sábado vai agrupar, entretanto, as duas alas, aprovar uma data para o próximo congresso e aprovar programas para reunificar esta formação política, quando falta menos de um ano para as eleições presidenciais.
A mesma fonte partidária afirmou à Lusa que os dirigentes vão se “organizar na perspetiva de haver uma direção legítima para o partido”.
“Vamos estar todos juntos, o Dr. Agostinho Fernandes contribuiu, assim como os mais antigos da comissão política, e, portanto, vamos estar todos juntos”, acrescentou.
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