Nações Unidas, 16 jul 2024 (Lusa) – Portugal e cerca de 50 outros países apelaram hoje a todos aos Estados-membros das Nações Unidas (ONU) que fornecem apoio material e político ao esforço de guerra russo na Ucrânia para pararem esse auxílio.
O apelo foi feito na sede da ONU, em Nova Iorque, poucos minutos antes do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, presidir um debate do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre “Cooperação multilateral no interesse de uma ordem mundial mais justa, democrática e sustentável”.
Na declaração, que foi lida pelo embaixador da Ucrânia junto à ONU, Sergiy Kyslytsya, os signatários consideraram o tema do debate “outra demonstração clara da hipocrisia da Rússia”, que “não deve distrair a comunidade internacional das violações flagrantes da Carta da ONU por parte da Rússia e do seu abuso do Conselho de Segurança”, ao mesmo tempo que “tenta cinicamente apresentar-se como guardiã da ordem multilateral”.
“Reiteramos a nossa condenação resoluta da agressão da Rússia contra a Ucrânia e reafirmamos o nosso apoio inabalável à independência política, à soberania e à integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”, diz a declaração, que foi assinada por países como França, Alemanha, Itália, Israel, Reino Unido, Estados Unidos e também pela União Europeia, além de Portugal.
Reforçando que a Ucrânia continua a “defender corajosamente a sua população civil”, os Estados-membros signatários condenaram o apoio político e militar direto prestado à Rússia por países como Coreia do Norte, Irão e Bielorrússia.
“Apelamos a todos os Estados-membros da ONU que forneçam apoio material ao esforço de guerra da Rússia, incluindo materiais de dupla utilização, tais como componentes de armas, equipamentos e matérias-primas, a cessarem todo o apoio material e político ao esforço de guerra da Rússia”, instaram.
A declaração indica ainda que as “contínuas ações ilegais e a hipocrisia flagrante da Federação Russa minam a cooperação multilateral e internacional, demonstram um total desrespeito pela Carta das Nações Unidas, pelas resoluções do Conselho de Segurança e pelo regime global de não proliferação, exacerbam as tensões regionais e põem em perigo a paz e a segurança internacionais”.
Os cerca de 50 países reiteraram também a exigência de que Moscovo retire os seus militares e pessoal não autorizado da Central Nuclear de Zaporijia e devolva imediatamente a central ao controlo total das autoridades ucranianas para garantir o seu funcionamento seguro e protegido.
Instando a Rússia a pôr fim a esta “guerra sem sentido”, os países asseguraram que continuarão a trabalhar em conjunto na implementação “da visão de uma paz abrangente, justa e duradoura baseada na Carta das Nações Unidas, e na garantia da responsabilização pelos crimes de agressão, crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
MYMM (PCR) // APN
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