Malanje, Angola, 03 fev (Lusa) – A polícia angolana confirmou hoje que a morte do empresário português que residia em Malanje, capital da província homónima, foi provocada por “meliantes não identificados”, que lhe desferiram “vários golpes na cabeça com objetos contundentes”.
Segundo o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Malanje, Lindo Ngola, a morte de Adérito Florêncio Tété, que aconteceu dentro da sua própria residência, está a ser considerada como um “homicídio qualificado” praticado por “elementos não identificados”.
Lindo Ngola sublinhou que o SIC acionou vários mecanismos e diligências para identificar os autores e saber dos motivos que estiveram na base do crime.
O porta-voz policial precisou que não há sinais de arrombamento nem de furtos na residência, tendo a polícia tomado conhecimento da situação através da denúncia de uma pessoa próxima à vítima, depois de não conseguir contactá-la e de encontrar a sua viatura com as portas abertas e chaves na ignição na via pública.
De acordo com a fonte, cuja identidade não foi revelada, o empresário tinha o telefone desligado e a residência devidamente encerrada, o que causou alguma suspeita, daí ter havido comunicação à polícia, que descobriu o cadáver no interior da casa.
Adérito Florêncio Tété, 85 anos, natural de Trás-os-Montes e residente em Angola há mais de seis décadas – a polícia admite ter dupla nacionalidade, mas ainda não o confirmou -, foi encontrado hoje morto em casa, com o SIC a admitir, ainda de manhã, poder tratar-se de um assassinato, disse à agência Lusa um funcionário das empresas da vítima.
Segundo Fernando Carvalho, técnico de contas do Restaurante Capri e da Tété e Gouveia Limitada, Adérito Florêncio Tété foi encontrado no quarto da sua residência, tendo, “aparentemente”, sido agredido por desconhecidos com uma tábua de lavar roupa à mão.
A Lusa está a tentar contactar o Consulado Geral da Portugal em Angola, mas até agora sem sucesso.
Segundo Fernando Carvalho, a vítima, bem conhecida em Malanje, tinha rotinas diárias no restaurante Capri, de que era proprietário, sendo costume deixar o estabelecimento por volta das 23:00, após fechar a caixa, transportando, depois, a responsável por essa função à residência, a caminho de casa.
“[Sábado à noite], houve muita afluência [no restaurante] e acabaram por sair só cerca da 00:30/01:00. Pelo que se sabe, deixou a funcionária em casa dela, como de costume, e terá seguido para casa. O alerta foi dado porque, hoje, Tété não apareceu, tal como era usual, às 05:30, nem às 06:00, nem às 07:00. Foi uma pessoa a casa dele e encontrou-o morto”, contou o contabilista à Lusa.
No seu entender, a ‘tese’ de roubo da receita de sábado à noite no restaurante não faz sentido, uma vez que todo o dinheiro é guardado num cofre dentro do estabelecimento, “embora possa fazer sentido se os alegados autores não o soubessem”.
A viúva do empresário, atualmente em Portugal, chega a Angola na manhã de segunda-feira, disse à Lusa Fernando Carvalho.
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