PODER PROVISÓRIO NA UCRÂNIA ATÉ PRESIDENCIAIS DE MAIO

ucraneaO parlamento ucraniano, agora dominado pelos opositores ao Presidente deposto Viktor Ianukovich, deve aprovar até terça-feira um novo Governo, que deverá comandar um país à beira da bancarrota até as eleições presidenciais de 25 de maio.
Entre as figuras chaves da esfera do poder, está Vitali Klitschko, o popular campeão do mundo de boxe na categoria dos pesos pesados, que renunciou à sua carreira desportiva para entrar na vida política. Agora com 42 anos, filho de um oficial do exército vermelho, é hoje a figura mais popular da contestação. O antigo pugilista é cauteloso com os políticos tradicionais e acredita no seu compromisso para combater a corrupção generalizada na Ucrânia, já que reclama ter feito fortuna honestamente, mas as suas posições moderadas levaram-no a ser vaiado por manifestantes mais radicais, que o consideram um mau orador. Se alguns duvidam das suas capacidades para dirigir um Governo, Klitschko aparece como um possível presidente de consenso, sobretudo depois da reposição da Constituição de 2004, na qual os poderes são divididos igualmente entre o chefe de Estado, o Governo e o parlamento. Outra figura no centro das atenções, é Iulia Timochenko, dada como controversa dama de ferro, no centro da “revolução laranja” pró-ocidental de 2004 que levou à queda de Viktor Ianukovich, esta mulher de 53 anos, foi libertada no sábado, depois de dois anos e meio de prisão por abuso de poder.
O retrato desta mulher elegante e combativa, com a sua trança loira emblemática, figurava na praça da Liberdade, em Kiev, ao longo de toda a contestação. Enquanto primeira-ministra, simbolizou também as divisões e contendas com as pessoas que em 2010 permitiram a volta de Ianukovich ao poder, mas a incerteza permanece sobre o seu estado de saúde, uma vez que diz sofrer de problemas de hérnias discais e apareceu numa cadeira de rodas na sua libertação.
Oleg Tiagnybok, dado como o nacionalista que tem moderado a sua imagem é outra figura de peso na esfera política ucraniana, atual líder do partido Svoboda (Liberdade) conseguiu estabelecer-se como o terceiro homem da contestação, na rua, como nas discussões com os mediadores europeus, apesar da sua reputação de antissemita, que levou à sua expulsão do Partido Nacionalista em 2004.
Este cirurgião, de 45 anos, nasceu no enclave nacionalista de Lviv, capital do oeste do país, capitalizou organização e disciplina no seu partido, que desempenhou um papel importante na defesa dos manifestantes. Já Arseni Iatseniuk é considerado o banqueiro intelectual, trantando-se de um jurista e economista, de 39 anos, numa ascensão política fulgurante e que já foi ministro da Economia e dos Negócios Estrangeiros, que negociou a entrada da Ucrânia na Organização Mundial do Comércio e desenvolveu relações com a União Europeia. Uma experiência que poderá ser preciosa, já que a Ucrânia está à beira da falência.
Iatseniuk assumiu o comando do partido de Iulia Timochenko durante a prisão desta e adotou uma postura mais fechada na crise política, transmitindo uma imagem que muitos consideraram um pouco suave, e recusou a oferta de Viktor Ianukovich para ser o primeiro-ministro, em janeiro. Outro potencial líder em ascensão é Petro Porochenko, o oligarca da oposição, conhecido como o “barão do chocolate”, proprietário de uma famosa holding alimentar, enriqueceu nos anos de 1990 sobre as ruínas da extinta União Soviética e hoje tem uma fortuna avaliada em 1,6 mil milhões de dólares e colocou o seu poder financeiro e mediático, com a rede televisiva Canal 5, ao serviço dos manifestantes, sendo agora muito popular, mas no passado foi um dos fundadores do Partido das Regiões, de Viktor Ianukovich, e do seu ministro da Economia.
Olexandre Turchinov, eleito no domingo Presidente interino após a destituição de Viktor Ianukovich, é o braço direito de Iulia Timochenko, à sombra de quem construiu a sua carreira, tornando-se chefe dos serviços secretos e depois vice-primeiro-ministro. Após a prisão de Iulia Timochenko, o pastor evangélico, autor de romances de ficção científica, tem o seu partido nas mãos, mas prefere deixar o primeiro plano para Arseni Iatseniuk.
Andrii Parubii, deputado do partido de Iulia Timochenko, foi designado “comandante” pelos movimentos de oposição e da sociedade civil, durante os dias de confrontos em Kiev, tendo os grupos de autodefesa sob a sua liderança, realizado a segurança das ruas e ao redor dos edifícios públicos de Kiev, abandonados pela polícia.
Os movimentos radicais também se impuseram face aos polícias antimotim, como o grupo paramilitar Pravy Setor (setor direito), que reivindica o legado controverso dos nacionalistas ucranianos da II Guerra Mundial.