Lisboa 21 set 2020 (Lusa) – O líder do Chega considerou hoje que o Plano de Recuperação e Resiliência vai deixar a classe média fora dos programas de habitação pública, em benefício “dos mesmos de sempre”, e advertiu contra futuros impostos europeus.
Estas posições foram transmitidas por André Ventura após ter sido recebido pelo primeiro-ministro, António Costa, em São Bento – encontro em que o deputado do Chega disse que apenas foi confrontado “com um conjunto de ideias vagas” e de “tópicos”.
De acordo com André Ventura, o Governo prepara-se para gastar “cerca de 3,2 mil milhões de euros em políticas de natureza social, esquecendo muita da classe média que sustenta este país”.
“Mais uma vez vamos ter o seguinte: Os que já estão habituados a receber vão receber ainda mais e teremos um aumento da subsidiação. Na habitação, questionei o primeiro-ministro se o dinheiro vai servir para ajudar as famílias de classe média, de classe média baixa, portugueses comuns, ou se estamos a falar de habitação pública, que vai para os mesmos de sempre, que não pagam renda há 30 anos, mas têm um Mercedes à porta de casa”, declarou.
Perante esta dúvida, o presidente do Chega afirmou estar convencido que o grosso da verba nesta área vai mesmo para habitação pública, “o que é grave”.
Neste plano, André Ventura apontou também que o Governo se prepara para transferir 500 milhões de euros para as empresas e 1,8 mil milhões de euros para a administração pública, acentuando a “ideia de dois países: O público e o das famílias e empresas”.
“Não sei se o Governo procura votos na administração pública, mas esquece-se que há mais vida para além do setor público. Temos empresas a passar muito mal”, disse.
André Ventura advertiu ainda que, para financiar o Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia, vão ser criados novos impostos à escala da Europa.
“Com muita probabilidade, vão ser criados impostos europeus sobre os plásticos ou plataformas digitais. Os portugueses têm de saber isto. Depois, é bom que os portugueses também saibam que quem atribui o dinheiro impõe regras onde ele vai ser gasto, o que é inaceitável para um Estado soberano”, acrescentou.
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