Se Natália Correia fosse viva, completaria 90 anos no próximo dia 13. Para lembrar esta mulher ímpar nas letras portuguesas – e sobretudo para homenagear o seu espírito indómito e a sua coragem –, o Teatro Rápido (TR) acaba de estrear, no Chiado, Lisboa, ‘Natália’, evocação da escritora na voz e no corpo de Teresa Côrte-Real.
A peça foi escrita pelo jovem Renato Pino para a atriz do Teatro Experimental de Cascais, que chegou a conhecer pessoalmente Natália Correia.
“Recordo-a como uma mulher forte, de presença muito marcante, mas não quis – não tive a pretensão – de a imitar”, diz. “Quando o Renato me deu a peça a ler, até confesso que hesitei em aceitar o convite. Tive muito medo. Mas depois apaixonei-me pelo texto…”.
Em apenas 15 minutos – como, de resto, todas as propostas do Teatro Rápido –, de cigarrilha na mão, a atriz recorda todas as facetas de Natália, tal como a conhecemos e admiramos: sua verve poética; a sua tendência para a polémica; a forma aberta como assumia a sua sexualidade. A certa altura, a atriz diz: “Fui sacerdotisa do amor. Acusada de promíscua. Pois que acusem!”
Teresa Côrte-Real classifica este trabalho como um hino às mulheres, mas destina-o a todo o público português.
“Acho que precisamos muito de voltar a ouvir esta mulher. Justamente numa altura como esta, em que nos falta auto estima enquanto País. Afinal, temos pessoas de tanto valor. E as palavras da Natália fazem tanto sentido…”, remata.
As peças do TR são para verde quinta a segunda, em sessões contínuas a partir das 18h00.