Na edição de hoje damos as boas-vindas a março, mantendo a atenção às novidades que mais interessam ao nosso público.
E como grande parte dos que nos leem tem raízes nos Açores, não poderíamos deixar de destacar o tema quente no arquipélago no arranque deste mês: a tomada de posse do XIV Governo Regional.
O novo executivo resulta da coligação PSD, CDS-PP e PPM (AD Açores) e é presidido pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, que escolheu, desta vez, não negociar com o Chega. Um Governo que exemplifica as tendências políticas do Portugal de hoje, possibilitando uma reflexão alargada sobre o futuro do país.
A fragmentação do espetro político que Portugal tem atravessado ao longo das últimas décadas levanta sérias questões de governabilidade no território. Os grandes partidos já não conseguem garantir maiorias governativas e veem-se obrigados a procurar coligações com as restantes forças políticas.
Esta conjuntura de mudança tem centrado o debate político à volta do tema das coligações. Assuntos como a saúde, a educação, a imigração ou a segurança, passam para segundo plano, enquanto analistas comparam e discutem possíveis cenários eleitorais.
O Chega está a ganhar cada vez mais terreno nas sondagens. E isso faz com que tanto à direita, como à esquerda, a viabilização de um novo governo de minoria seja um tema que os principais dirigentes políticos portugueses procuram evitar.
Em plena campanha eleitoral no território continental, a Região Autónoma dos Açores pode muito bem refletir a realidade nacional de incerteza e instabilidade política.
Nunca na história do arquipélago, ou mesmo nos 50 anos da democracia portuguesa, os pequenos partidos tiveram uma voz tão determinante no Governo. Estaremos a assistir apenas a mais uma etapa da jornada democrática nacional? Ou estamos, por outro lado, a atravessar um momento de reformulação do espetro político português?
Aguardamos o resultado das eleições legislativas do dia 10 de março para ver respondidas estas e outras questões.