O MEU PRIMEIRO EXAME

Todas as crianças em Portugal que frequentam o quarto ano de escolaridade foram sujeitas a exame. Pela primeira vez, desde há muitos anos, foi reintroduzida esta prática. Afinal, muitos dos pais e avós destas crianças fizeram o mesmo e com regras muito apertadas. Os antigos exames da quarta classe (assim se chamava) eram decisivos. Quem não tivesse aproveitamento chumbava, o mesmo que dizer que uma criança poderia ver a sua carreira escolar interrompida bastante cedo.

Agora o método é diferente. Os exames valem apenas uma percentagem da valorização do aluno e não será por exclusiva consequência da prova que uma criança, em Portugal, vê agora interrompido o seu percurso académico. As provas realizaram-se na semana passada e, pelos vistos, tudo decorreu com normalidade.

Mas antes aconteceu de tudo. Levantaram-se vozes contrárias, houve protestos por todo o lado, forças políticas e sociais contestaram. Sindicalistas e comissões de pais ocuparam tempos de antena lançando farpas contra o Ministério da Educação, classificando mesmo de terceiro-mundo tal decisão.

Passado este período, mais uma vez se verificou que a montanha pariu um rato. Afinal, porquê tanta contestação? Os professores pareciam preocupados, porque se os alunos obtivessem maus resultados seria posta em causa as suas capacidades. As comissões de pais protestavam pelo stress que estava a ser incutido nas crianças. Os filhos de Portugal já não dormiam, porque estavam sujeitos a um exame.

É por estas e por outras razões semelhantes que se geraram tantos irresponsáveis. Habituaram-se desde jovens a ver tudo feito e nada ser necessário fazer. As ditas comissões de pais preferem que os alunos levem o stress familiar para a escola do que o inverso.
Os professores julgam-se juízes e pensam que existem para avaliar e nunca para serem avaliados. E as crianças, no meio de tudo isto, são o espelho fiel da falta de concertação.
Felizmente, que por serem jovens aprendem rapidamente novas regras e superam com relativa facilidade as vicissitudes que lhes são impostas.

Agora aproxima-se o período de férias. Todos vão esquecer este tema, mas não faltará oportunidade para em breve se lançarem noutra contestação. O problema não é a crítica nem a reivindicação. O problema é que muitas vozes se profissionalizaram, precisamente, nesta forma de vida. Parece que sem ruído perdem protagonismo e não têm capacidades.
E o protesto nestas circunstâncias deixa de fazer sentido.

 A Direção