Setúbal, 30 jan 2020 (Lusa) — A primeira edição do Arrábida Walking Festival chega ao distrito de Setúbal em março, convidando a descobrir não só o património natural da Serra da Arrábida, mas também os vestígios arqueológicos que são, por vezes, “invisíveis”.
“Temos uma grande rota que nos permite percecionar todo o território, com um trilho que se divide em sete etapas entre Setúbal, Palmela e Sesimbra”, no distrito de Setúbal, adiantou à agência Lusa José Cunha, da Biotrails, uma das entidades organizadoras.
O novo festival vai disponibilizar vários percursos, destacando-se o trilho entre os castelos de Setúbal e Palmela ou a caminhada pelo Cabo Espichel, em Sesimbra, que serão sempre acompanhados de um guia que explicará a história de cada local.
“A Arrábida é um espaço muito particular. Filósofos e poetas escreveram sobre ela, porque é um lugar espiritual que muita gente procura, porque sente essa afinidade e necessidade de a viver”, apontou José Cunha.
Aliás, segundo o responsável, o novo projeto surgiu de uma “necessidade”, porque na região de Setúbal e Lisboa não há nada semelhante que “combine as caminhadas com história, gastronomia e convívio”.
“Temos imensas pessoas a caminhar, grupos informais e operadores turísticos, mas ao longo do nosso trabalho sentimos que havia falta de algo mais aglutinador, um trabalho com uma visão mais ampla de todo o território”, explicou.
Nesta primeira edição, que decorrerá entre 27 e 29 de março, será dado um enfoque à arqueologia que, por vezes, passa “despercebida”.
“Há uma riqueza imensa de arqueologia ao longo de todo o território que não é visível e, como os percursos são guiados, fazia-nos sentido trabalhar este tema porque conseguimos trazer todo um universo que não se vê, mas está lá. São milhares de anos de história, de povoamentos, de ocupação humana”, indicou.
Depois de uma breve apresentação na Quinta do Piloto, em Palmela, foi possível visitar alguns dos pontos de interesse deste festival, como é o caso do fortificado Castro de Chibanes, que remonta à Idade do Bronze e é considerado o “primeiro castelo” do concelho.
Seguiu-se o Forte de São Filipe, em Setúbal, que foi construído no decorrer da dominação Filipina para defesa costeira, tendo atualmente uma vista privilegiada sobre a cidade, o mar e a Península de Tróia, em Grândola (Setúbal).
A visita terminou no Cabo Espichel, em Sesimbra, que é uma ravina junto ao mar que tem vestígios da ocupação humana desde há seis mil anos.
Além disso, o local tem evoluído num ambiente místico e simbólico devido à lenda da aparição da Nossa Senhora do Cabo, que deu origem à construção de um santuário em sua homenagem.
O festival vai também disponibilizar trilhos para crianças, visitas guiadas aos centros históricos dos três concelhos e provas de vinhos na Quinta do Piloto.
De acordo com José Cunha, a iniciativa tem o objetivo de aumentar o turismo de natureza, dinamizar a oferta turística na época baixa e ainda “consciencializar para a preservação da natureza”.
O Arrábida Walking Festival foi criado há cerca de um ano e divulgado há dois meses, tendo até ao momento “quase 200 pessoas inscritas”, apesar de a organização não pretender ultrapassar as 300 pessoas para “dar uma resposta de qualidade”.
A Serra da Arrábida é composta por extensas cordilheiras que se estendem pelos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, distinguindo-se pelas paisagens, património geológico, ecológico e cultural.
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