Lisboa, 23 mar 2021 (Lusa) — Vítor Bento, antigo presidente do Conselho de Administração do Novo Banco, que abandonou o cargo dois meses depois de ter aceitado liderar o BES, é hoje ouvido na comissão de inquérito parlamentar sobre aquela instituição bancária.
As audições da comissão eventual de inquérito parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução começaram em 10 de março e hoje será a vez de Vítor Bento ser ouvido pelos deputados.
Depois de em julho de 2014 ter sido escolhido para suceder a Ricardo Salgado como presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES) — algo que chegou a dizer que aceitou por “dever quase patriótico” – Vítor Bento acabou por ficar à frente do Novo Banco após a separação entre o “banco mau” e o “banco bom”, na sequência da resolução do BES.
Em 03 de agosto de 2014, quando revelou que ia ficar à frente do Novo Banco, o economista garantiu, em comunicado, que estavam afastadas as “incertezas que ameaçavam a instituição”.
Pouco mais de um mês depois, em 13 de setembro, Vítor Bento abandonou a liderança da instituição, e à semelhança do que aconteceu com a presidência do BES, também a liderança à frente do Novo Banco foi curta.
De acordo com a edição do jornal do Expresso de então, a saída da equipa de Vítor Bento é atribuída à rejeição pelo banco central da estratégia de longo prazo que apresentaram.
De acordo com o jornal, o governador do BdP, Carlos Costa, queria vender o Novo Banco o mais rápido possível e diretamente a uma outra instituição bancária, enquanto Vítor Bento e a restante equipa defendem um projeto a médio prazo e com dispersão de capital em bolsa.
A comissão de inquérito ao Novo Banco tem como objetivo principal perceber as perdas imputadas ao Fundo de Resolução, que têm sido cobertas por empréstimos do Estado, um âmbito diferente daquele que teve a comissão do BES de 2015.
A atual comissão tem quatro pontos no seu objeto, que abrangem o “período antecedente à resolução e relativo à constituição do NB [Novo Banco]”, o “período antecedente e relativo à alienação”, o “período após alienação” e ainda pretende “avaliar a atuação dos governos, BdP [Banco de Portugal], FdR [Fundo de Resolução] e Comissão de Acompanhamento no quadro da defesa do interesse público”.
A Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, como é oficialmente designada, foi constituída em 15 de dezembro do ano passado.
Tal como sucedeu com a anterior comissão, Fernando Negrão (PSD) será o presidente, e nesta o PS conta com sete efetivos, o PSD quatro e o BE dois, enquanto PCP, CDS-PP, PAN e Iniciativa Liberal estão representados, cada um, por um deputado efetivo, num total de 17.
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