Há seis anos que o Algarve não tinha tantos turistas em agosto. Mas a enchente deste ano pôs a descoberto a incapacidade de resposta de vários serviços. Em alguns locais, o lixo acumulou-se nas ruas, e várias praias estiveram interditadas a banhos devido à poluição. Os mosquitos também não deram descanso aos milhares de turistas que passaram pela região.
As falhas na recolha de lixo foram visíveis em vários pontos do Algarve, sobretudo nas zonas mais turísticas. “As autarquias não podem apenas subir as taxas e depois não aumentar a capacidade de resposta dos serviços em alturas de maior fluxo”, diz Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve.
O presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, admite que “houve um acréscimo de queixas” e considera que os problemas poderão ter resultado, em parte, do “aumento da produção de lixo, por haver mais turistas este ano”. A autarquia contratou uma empresa para a recolha do lixo orgânico, competindo à Algar, empresa pública responsável pelo sistema multimunicipal, tratar dos resíduos recicláveis.
Em Portimão, João Rosa, administrador da empresa municipal EMARP, diz que os problemas registados neste concelho resultam de “atrasos na recolha de reciclados”, que está a cargo da Algar. “Nós queixamo-nos à Algar, mas eles dizem que não têm meios”, refere João Rosa, adiantando que acabam por ser muitas vezes os funcionários da EMARP a retirar esses resíduos porque “dão mau aspeto”.
O CM tentou ontem falar com o administrador da Algar, José Perdigão, mas sem sucesso. A empresa já tinha, no entanto, revelado ao CM que, “apesar de colocar no terreno todos os meios disponíveis, não pode evitar que nesse período [verão] ocorram situações pontuais (1 a 2 por cento) que fogem ao padrão normal de prestação de serviço”.
Nas praias, duas avarias no sistema de esgotos levaram à interdição a banhos de três areais. Foi o que aconteceu em Olhos d’Água (Albufeira), em julho, e em Quarteira e Forte Novo (Loulé) em agosto.
A falta de desinfestação na ribeira de Alcantarilha originou uma praga de mosquitos em Armação de Pera, infernizando milhares de turistas.