Paco de Lúcia, guitarrista de flamenco, natural de Algeciras, descendente de mãe portuguesa e pai andaluz, faleceu hoje, aos 66 anos, vítima de um ataque cardíaco quando se encontrava em Cancún, no México, tendo chegado já sem vida a um hospital da cidade.
As reações a esta morte têm sido ouvidas um pouco por todo o mundo e Portugal não foi excepção, o caso do compositor e guitarrista português Pedro Caldeira Cabral que destacou o trabalho do falecido, por ter passado todas as fronteiras técnicas da virtuosidade na guitarra, e ter difundido a música flamenca a nível mundial.
Este compositor português hoje com 63 anos recorda que conheceu Paco de Lucía nos anos 80, num concerto no Coliseu de Lisboa,e depois veio a encontrar-se com ele em Munique, quando ambos realizaram recitais naquela cidade alemã, destacando a grande imaginação criativa e capacidade de enriquecer, do ponto de vista harmónico, a música de matriz flamenca, e a associação com grandes artistas pop que acabam por ser o trampolim para a difusão do flamenco.
Paco de Lucía conquistou uma multidão de seguidores, desde japoneses a alemães, que começaram a interessar-se pela música flamenca por terem ouvido o guitarrista espanhol, que foi individualista e autodidata, que trabalhou a partir duma tradição oral, em que não há propriamente uma escola, uma escrita, e cada instrumentista cria o seu próprio estilo e gramática.
Paco de Lucía tinha passado a residir no México, um pouco isolado, e talvez desiludido com o caminho que tinha sido seguido no desenvolvimento cultural na Europa.