MILITARES PORTUGUESES REGRESSAM DO IRAQUE COM “SENTIMENTO DE DEVER CUMPRIDO”

LusaMontijo, Setúbal, 17 out 2019 (Lusa) — A 9.ª Força Nacional Destacada, composta por 25 militares do Exército Português, regressou hoje do Iraque com “sentimento de dever cumprido”, depois de seis meses em que deram formação às Forças Armadas locais.

“Chegamos a território nacional com sentimento de dever cumprido. Demos seguimento ao trabalho que foi feito pelos anteriores contingentes e o nome de Portugal ficou vincado, uma vez mais, nas páginas da coligação”, frisou o chefe da segunda companhia de formação, Gabriel Batista.

O militar falava aos jornalistas na Base Aérea n.º 6, no Montijo, no distrito de Setúbal, na cerimónia que celebrava o regresso do nono contingente, que partiu em abril para o país do Médio Oriente, para “ministrar treino e formação às tropas iraquianas”.

A “realidade cultural” e as condições atmosféricas adversas, com um “verão muito exigente”, foram algumas das maiores dificuldades nesta missão, no entanto, segundo Gabriel Batista, tudo foi ultrapassado com a “adaptabilidade que nos caracteriza, de conseguirmos retirar o melhor de cada situação”.

O Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, esteve presente para receber o contingente militar, destacando como as tropas portuguesas são “tremendamente apreciadas pelos iraquianos e pelas outras nacionalidades” que fazem parte da operação “Inherent Resolve”.

“As condições de trabalho eram muito difíceis, eu assisti a uma sessão de formação com 50 graus de calor e os nossos militares estavam lá como se estivessem em circunstâncias normalíssimas. Trabalham com enorme profissionalismo”, frisou.

O militar Hélio Fajal, que também esteve no território do Médio Oriente, adiantou que nem sempre foi fácil dar instruções porque as forças de segurança daquele país são “um povo e uma tropa orgulhosa”, no entanto, regressou hoje com “a consciência de dever cumprido”.

Já Joana Oliveira, de 22 anos, foi uma das mulheres que participou nesta missão, afirmando que foi “uma experiência única para o crescimento pessoal”.

“No início eu estava de pé atrás porque são culturas diferentes e fiquei um bocado nervosa, mas desde cedo que mudei a minha opinião porque sempre foram respeitadores e deixaram-me sempre fazer o meu trabalho, respeitando-me como aos homens, por isso foi fácil”, relatou.

Ainda assim, as saudades foram a principal dificuldade nesta missão, não só para os militares, mas também para as suas famílias, que hoje aguardavam de forma muito emocionada os seus entes queridos, na Base Aérea do Montijo.

“Na parte pessoal, [ficamos com] muitas saudades da família. É uma missão sem interregno, são seis meses isolados completamente, dentro de uma base ou no deserto quando saímos, portanto, não temos contacto com nada do mundo civil, sem ser pela internet”, explicou Gabriel Batista.

Pode ser difícil estar longe de casa, mas estes miliares cumpriram uma “missão muito importante”, que, segundo o ministro da Defesa Nacional, está a contribuir não só para o futuro do Iraque, mas também “para a segurança da Europa e de Portugal”.

“Houve uma degradação tremenda em toda a região do Médio Oriente, o Iraque ficou despojado de capacidade de controlar a segurança do seu próprio território e toda a comunidade internacional tem que se unir para restituir ao Iraque essa capacidade. Portugal faz a sua parte”, sublinhou.

Este contingente regressou hoje, mas no domingo partiu a 10.ª Força Nacional Destacada, constituída por 30 militares (27 homens e três mulheres) de várias armas e serviços do Exército, que vão dar continuidade ao trabalho de formação das forças iraquianas.

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