Berlim, 20 set 2020 (Lusa) — Vários milhares de pessoas protestaram hoje em Berlim e noutras cidades alemãs para pedir à União Europeia que cuide dos refugiados que ficaram desabrigados após os incêndios que devastaram o campo de Moria, na ilha grega de Lesbos.
Os manifestantes foram acompanhados, em Berlim, pela tia de Alan Kurdi, o menino sírio refugiado que morreu afogado numa praia da Turquia e que se tornou num símbolo trágico da crise dos refugiados em 2015.
As fotos do seu corpo à beira do mar causaram choque no mundo inteiro e permitiram uma tomada de consciência relativamente aos refugiados da guerra na Síria.
“Decidi falar e exprimir-me em nome daqueles que não o podem fazer por si próprios… Se eu não posso salvar a minha própria família, vamos salvar a dos outros”, afirmou Tima Kurdi, apelando aos cidadãos que escrevam aos responsáveis políticos para lhes pedir que tomem medidas.
“Não podemos fechar os olhos e virar-lhes as costas”, acrescentou.
Sonya Bobrik, ativista da organização Seebruecke, garantiu que há “espaço suficiente na Alemanha” para acomodar mais de 1.500 refugiados dos que estão atualmente na Grécia e de quem Berlim prometeu cuidar.
Segundo a polícia, participaram da manifestação em Berlim cerca de 5.000 pessoas, mas outros protestos decorreram nas cidades de Colónia, Munique e Leipzig.
Cerca de 12.700 pessoas ficaram desabrigadas após os incêndios que destruíram o campo de Moria na semana passada.
Entre esses requerentes de asilo, 9.000 foram instalados num novo campo temporário.
Totalmente destruído por um incêndio que aconteceu entre 08 e 09 de setembro, o antigo campo de Moria, onde a violência, furtos e confrontos eram abundantes – pelo menos sete migrantes morreram naquele local em confrontos em 2020 -, começou a ser demolido na sexta-feira, cinco anos depois de ter sido erguido.
Seis jovens afegãos são suspeitos de estarem envolvidos no desastre, quatro dos quais foram indiciados em Lesbos por incêndio criminoso, incitação à violência a uso ilegal de força.
Outros dois suspeitos, de 17 anos, já tinham sido transferidos para o continente num grupo de 400 menores desacompanhados de Moria, mas serão encaminhados para o Ministério Público em data posterior, indicou fonte judicial.
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