Sem saúde nem suporte familiar. É esta a situação dos 116 idosos que foram deixados nos hospitais nos primeiros seis meses do ano, de acordo comum levantamento efectuado pelo CM ao qual responderam dez unidades hospitalares de norte a sul do País. Os dados revelam uma tendência crescente, uma vez que em todo o ano de 2012, os mesmos hospitais sinalizaram 169 idosos nessas condições.
É no Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) que o abandono da população sénior é mais preocupante. Em 2012, foram sinalizadas 67 pessoas nesta situação e este ano, só no primeiro semestre, já se registaram 41 casos. De acordo com João Silveira Ribeiro, presidente do Conselho de Administração do CHBM, “estes doentes são encaminhados para o apoio domiciliário, centros de dia, lares particulares, lares da rede social ou Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados”. No entanto, as respostas sociais nem sempre são suficientes.
“Encontrar vaga em lares comparticipados pela Segurança Social é muito difícil e alguns doentes ficam internados demasiado tempo, sendo a alta protelada por razões sociais.
Em 2012, registámos cinco casos e em 2013 já temos 12 casos”, revelou o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). “Registamos idosos que apesar de terem família, esta demite-se da responsabilidade. Com alguma frequência, temos idosos que vivem sozinhos e que após o internamento não reúnem condições de regressar ao domicílio”, refere o CHUC, acrescentando que este ano já foram sinalizados 675 utentes para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. No Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, o período em que os doentes permanecem após alta é de tal forma longa, que muitos acabam “por falecer sem uma resposta social adequada”, esclarece o hospital, que, este ano, já registou seis casos de abandono.