A reorganização das Urgências externas nos hospitais da Área Metropolitana de Lisboa, que arranca segunda-feira em Oftalmologia e Psiquiatria, prejudica a assistência nas urgências internas, consultas, cirurgias e na realização de meios complementares de diagnóstico, aumentando as listas de espera, alertam os médicos.
Segundo os sindicatos, a deslocação de especialistas da Margem Sul (Almada, Barreiro e Setúbal) para assegurar as urgências externas dos hospitais de Santa Maria e de São José vai deixar os doentes sem assistência especializada durante a noite. O atendimento será feito por internos. Em causa estão as especialidades de Oftalmologia, Psiquiatria, Cirurgia Plástica/Maxilofacial, Urologia, Cirurgia Vascular, Neurologia e Gastroenterologia. Otorrinolaringologia foi concentrada há um ano.
O caso da Psiquiatria é particular, sublinham os médicos, dado que os doentes descompensados causam problemas sérios à segurança do próprio, dos outros doentes e dos profissionais.
“Já houve situações como uma em que uma enfermeira teve de se barricar numa sala com crianças internadas com medo do doente mental. Noutras ocasiões, frequentes, é necessário recorrer ao auxílio dos agentes da PSP, para conseguir dominar o doente. Se não houver um psiquiatra de serviço vai ser mais complicado”, alertam os clínicos. Ao CM, a administração do Hospital de Setúbal afirma que os “Serviços de Urgência não foram alterados”.
O Hospital Garcia de Orta (Almada) não tem urgência interna das valências alvo de reorganização (só medicina interna e cirurgia). O Hospital do Barreiro diz que os “doentes internados, incluindo psiquiátricos, continuarão a ter acompanhamento” e que a unidade “não perde urgências externas, só a urgência de Psiquiatria entre as 20h00 e as 08h00”.