O número de sem-abrigo em Montreal é muito mais elevado do que mostram os inquéritos. Existem grupos que defendem que os dados revelados pela autarquia municipal não mostram a realidade total do número de sem-abrigo.
Mais de 30 organizações e grupos dirigidos por uma associação que representa outras 100 de ordem comunitária, que trabalham com os sem-abrigo, dizem que os inquéritos revelados pela autarquia de Montreal não mostram a realidade total do número dos sem-abrigo.
Nas várias narrativas apresentadas, os grupos dizem que é impossível quantificar os números reais porque existem várias formas, como o “couch surfing”, que nem sempre são visíveis nos dados dos inquéritos.
Dizem também que os números comunicados não são exatos, e que, por sua vez, conduzem a políticas que não funcionam e canalizam os fundos para os recursos errados.
“Este número impreciso é depois repetido durante meses pelos meios de comunicação social e pelos decisores políticos, quando, em vez disso, deveríamos ouvir os especialistas na matéria para obter uma imagem verdadeira do que está a acontecer e do que as comunidades precisam: esses especialistas são as organizações comunitárias e as pessoas em causa”, afirma Annie Savage, diretora do Réseau d’aide aux personnes seules et itinérantes de Montréal, uma associação que representa organizações comunitárias.
A contagem dos sem-abrigo foi feita pela primeira vez em 2018. A próxima será no próximo ano.
À imprensa canadiana, o ministério da Saúde e dos Serviços Sociais do Quebec, referiu que a contagem dos sem-abrigo era uma exigência de vários municípios.
“Uma contagem mais frequente foi um pedido importante dos municípios e concordamos que é importante quantificar o fenómeno para o medir primeiro e também para avaliar as nossas ações em relação aos sem-abrigo.
Estamos bem cientes de que esta é uma contagem que apenas calcula as pessoas que vivem em situação de sem-abrigo visível, mas continuamos a acreditar que este exercício tem grande valor”, referiu a nota.
A Câmara Municipal de Montreal concorda que é uma ferramenta importante que permite ter uma boa imagem da evolução da situação.
“No entanto, estamos conscientes de que este é o retrato que representa apenas a ponta do iceberg da extensão das necessidades dos sem-abrigo. Concordamos com os grupos comunitários que é crucial pôr em prática soluções profundas e permanentes para resolver as várias crises que tornam as nossas populações vulneráveis, como a crise da habitação, as overdoses e a saúde mental. Expressámos claramente os nossos pedidos a níveis superiores a este respeito e oferecemos a nossa total colaboração para ajudar a implementar estas soluções”, referiu a nota autárquica.