São Paulo, 29 mai 2020 (Lusa) – O Governo brasileiro admitiu que o ciclo de recuperação económica iniciado em 2017 acabou, segundo uma nota técnica divulgada hoje pela Secretaria de Política Económica (SPE), subordinada ao Ministério da Economia.
“O resultado negativo da atividade económica no primeiro trimestre, embora esperado, lamentavelmente coloca fim à recuperação económica em curso desde o começo de 2017”, referiu o documento que avaliou os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 1,5% de janeiro a março face ao quarto trimestre de 2019.
A nota técnica acrescentou que “os impactos iniciais da pandemia na economia a partir de março deste ano reverteram os bons indicadores de emprego, arrecadação e atividade do primeiro bimestre, levando a variação do PIB para o terreno negativo”.
Em 2017, o Brasil iniciou um ciclo de relativo crescimento económico depois de registar perdas em 2015 e 2016, quando o PIB do país caiu quase sete pontos percentuais na mais grave crise económica vivida na sua história até à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Segundo a análise divulgado pelo Governo, “os efeitos danosos [da pandemia] sobre a saúde da população brasileira e da economia ainda persistem”.
“Dessa forma, o resultado económico da atividade no segundo trimestre será ainda pior”, antevê o organismo governamental.
As consequências da crise económica que deverão aprofundar-se elencadas no documento são o aumento do desemprego, a falência de empresas e o aumento da pobreza no país.
Para combater e amenizar estes problemas, a nota técnica divulgada pelo Ministério da Economia defendeu ser necessário retomar a agenda de reformas estruturais.
“Essas medidas são importantes para que os efeitos de longo prazo na atividade económica, consequentemente no emprego e na pobreza sejam minorados. É importante que os ganhos obtidos pelas reformas estruturais sejam mantidos e reforçados com novas medidas que aumentem a produtividade do Brasil, consequentemente, o bem-estar da população”, apontou o texto.
O documento defendeu uma agenda pós-pandemia voltada para a garantia e manutenção do pilar macro fiscal da economia brasileira.
Para tanto, o Governo disse ser necessário fortalecer a proteção social transferindo recursos de programas ineficientes para programas sociais de comprovada eficiência no combate à pobreza.
A SPE também defendeu alterações nas políticas de emprego, o aprimoramento da legislação de falências, ações em prol da desburocratização do mercado de crédito, de capitais e a aprovação de novos marcos regulatórios para os setores de saneamento básico e gás.
Por fim, o Ministério da Economia avaliou que para enfrentar a crise económica que se seguirá nos próximos meses será preciso promover uma abertura comercial, retomar a agenda de privatizações e concessões e realizar uma reforma tributária.
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