O Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) informou na quinta-feira, 12 de setembro, que as exibições agendadas do documentário ‘Russians at War’ foram todas canceladas, após terem recebido ameaças significativas às operações e à segurança pública do festival.
Anastasia Trofimova apresentou pela primeira vez no Festival de Cinema de Veneza ‘Russians at War’, um documentário que acompanha um batalhão russo no seu avanço pelo leste da Ucrânia, depois de Moscovo ter começado a sua invasão em fevereiro de 2022.
A estreia norte-americana aconteceria em Toronto na sexta-feira, 13 de setembro, seguida de exibições adicionais no sábado e domingo.
Tanto em Veneza quanto em Toronto, o filme gerou indignação nos círculos culturais e políticos ucranianos contra o que muitos consideram um filme pró-Kremlin que procura encobrir e justificar o ataque de Moscovo.
A vice-primeira-ministra do Canadá, Chrystia Freeland, condenou a sua projeção em Toronto, dizendo que “não pode haver equivalência moral na nossa compreensão deste conflito”.
A agência estatal de cinema da Ucrânia também apelou ao TIFF para retirar o filme, chamando-o de “uma ferramenta perigosa de manipulação da opinião pública”.
Trofimova rejeitou as críticas, dizendo à Agence France-Presse (AFP) que a produção Canadá-França é “um filme anti-guerra” que mostra “pessoas comuns” a lutar pela Rússia.
Os soldados retratados parecem ter pouca ideia do motivo pelo qual foram enviados para a frente de batalha e são mostrados a lutar para tornar as armas da era soviética utilizáveis, com outros a fumar cigarros e a beber álcool num contexto de mortes e ferimentos dos seus camaradas.
O produtor Sean Farnel disse no X que a decisão de cancelar as projeções foi “de partir o coração”.
Farnel culpou as críticas públicas dos funcionários por terem “incitado o ódio violento que levou à dolorosa decisão do TIFF de interromper a apresentação de ‘Russians at War”.