Luís Montenegro só pode reclamar a vitória oficial, quando saírem os resultados da emigração portuguesa.
O triunfo da AD, com 79 deputados, parece mais do que garantido, dado o historial de legislativas que ocorreram ao longo dos anos. É nisso que Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, que obteve 77 mandatos, parece se basear quando parabeniza o seu principal oponente pelo triunfo eleitoral.
A emigração tem direito a quatro deputados na representação parlamentar. O PS conquistaria a vitória com os quatro assentos, algo que nunca aconteceu na história portuguesa. Os socialistas também ganhariam a maioria relativa com três assentos, desde que o quarto não vá para a AD. São estas as contas para Pedro Nuno Santos e companhia se sagrarem vencedores das Legislativas de 2024.
O que há de salientar é que as eleições em Portugal revelam um aumento do apoio à extrema-direita, refletindo uma tendência europeia mais vasta. O resultado que viu a representação parlamentar do partido Chega quadruplicar para pelo menos 48 deputados dá à direita política uma maioria combinada.
Só que o Chega vai ficar a “falar sozinho”, dito por diversas vezes por várias forças políticas nacionais. Luís Montenegro já disse que não governa com o Chega e no domingo reiterou o que já havia afirmado na campanha. Portanto, a hipótese de novas eleições antecipadas volta a bater à porta dos portugueses.
O primeiro teste de fogo será a aprovação do Orçamento de 2025 que representa o primeiro grande desafio para o Governo minoritário liderado pela AD. A ver vamos se não vai ainda ser apresentada nenhuma alteração ao orçamento para 2024. É aqui que a porca torce o rabo e caberá a Luís Montenegro uma capacidade negocial acima da média.
Quem está a prever uma nova ida às urnas para os portugueses é a agência de rating canadiana DBRS que alerta para o risco de ingovernabilidade em Portugal.
Pedro Nuno Santos já disse que o PS vai fazer oposição à AD. Portanto, a batata quente da governabilidade portuguesa estará nas mãos do Chega. Isto claro se os nossos votos não trocarem as voltas. As voltas quanto ao partido vencedor, claro, porque neste momento, Portugal é um país de direita, com ou sem os votos da emigração.