Bissau, 23 jul 2024 (Lusa) — O presidente da Associação Guineense de Retalhistas, Aliu Seidi, denunciou a falta de arroz no mercado e responsabilizou pela situação o Ministério dos Transportes, que prometeu resolver a questão nos próximos dias.
“Estão-nos a acusar de que escondemos o arroz. O problema é que não há arroz no mercado (…) porque uma empresa importadora trouxe arroz para abastecer o mercado, mas já há dois meses que não consegue descarregar no porto de Bissau”, afirmou Aliu Seidi.
O presidente da Associação Guineense de Retalhistas acusa o Ministério dos Transportes de ser o responsável pela falta de arroz no mercado e avisou que enquanto a situação se mantiver “os empresários terão medo de trazer produtos” para a Guiné-Bissau.
Dados do Governo indicam que a Guiné-Bissau consome, por ano, cerca de 200 mil toneladas do arroz, base da dieta alimentar no país, das quais cerca de 140 mil são importadas de países do sudoeste asiático, China, Bangladesh, Índia e Vietname.
Apenas cerca de 60 mil toneladas do arroz são produzidas no país.
Nos últimos dias, de acordo com Aliu Seidi, o mercado guineense “praticamente ficou sem arroz” para venda ao consumidor final, uma situação que diz não ser da responsabilidade do Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló.
“A culpa é do Governo, Ministério dos Transportes. Se não há condições [de descarga] que digam aos comerciantes para que não tragam navios com mercadorias”, observou Aliu Seidi.
O diretor-geral do Comércio, Lassana Fati, disse à Lusa que “houve rutura do arroz no mercado”, mas que a situação vai ser resolvida nos próximos dias com a atracagem no porto de Bissau de um navio de um comerciante com cerca de 22 mil toneladas de arroz.
Fati admitiu dificuldades para a acostagem do navio com arroz devido ao fluxo de embarcações no porto de Bissau para a exportação da castanha do caju.
“Nesta altura da campanha de exportação da castanha do caju é sempre complicado gerir a logística no nosso porto, mas a situação já está resolvida e o navio do arroz já atracou e está a descarregar”, indicou o diretor-geral do Comércio.
Ainda no decurso desta semana, disse Lassana Fati, o mercado guineense será abastecido com cerca de nove mil toneladas do arroz da espécie 100% partido, no país conhecido por ‘nhélén’ (trinca), a mais consumida pela população, realçou.
Para a próxima semana, prosseguiu o responsável, o mercado poderá estar abastecido com a espécie 5% partido, vulgarmente designado de “arroz grosso”.
A questão, observou Lassana Fati, é o entendimento que o Governo tenta alcançar com o comerciante importador que pretende aumentar o preço do produto ao consumidor ou beneficiar de uma subvenção do Governo, “para atenuar o prejuízo de ter ficado muito tempo sem poder descarregar”, frisou.
“O Governo não quer que o preço ao consumidor seja aumentado”, reforçou Fati.
Atualmente um saco de 50 quilogramas de “nhélen” custa ao consumidor cerca de 33 euros e o de “arroz grosso” 36 euros.
Com a escassez do cereal, alguns comerciantes chegam a vender um saco de “nhélén” de 50 quilogramas por cerca de 45 euros.
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