Estudo Covid-19: Mostra diferenças cognitivas entre quem não se vacina

Foto: Flickr
Foto: Flickr

Há um recente estudo que aponta para diferenças cognitivas em pessoas que hesitam em tomar a vacina contra a Covid-19. Os pesquisadores concluíram que a hesitação em relação à vacina está associada ao facto de ser menos orientada para o futuro e mais propensa a resolver o problema agora, dispensando a necessidade de esperar por uma melhor solução mais tarde.

Para os canadianos totalmente vacinados, uma das situações mais preocupantes da pandemia é a resistência de algumas pessoas em tomar a vacina contra a Covid-19 ou até mesmo em tomar medidas preventivas, como usar uma máscara.

Um novo estudo da Universidade de Waterloo, de Toronto e de Zurique oferece algumas respostas para esse fenómeno, apresentando evidências de que as pessoas que aceitam ou rejeitam as precauções para combater a Covid-19 pensam, na verdade, de maneiras diferentes.

A investigação, financiada em parte pelos Institutos Canadianos de Pesquisa em Saúde, analisou pouco mais de 2 mil pessoas, divididas igualmente entre pessoas totalmente vacinadas e não vacinadas. Usando questionários psicológicos padrão e tarefas cognitivas, os participantes foram investigados em três aspetos da cognição.

A pesquisa concluiu que a hesitação em relação à toma da vacina está um pouco associada a ser menos orientada para o futuro e mais propensa a resolver o problema agora, dispensando a necessidade de esperar por uma melhor solução mais tarde.

Segundo os autores da investigação, a perceção dessas características cognitivas pode ser usada para criar comunicações de saúde pública mais eficazes.

Para testar ainda mais quais as abordagens que melhor podem funcionar em cada sujeito, estão a ser realizadas análises cerebrais às pessoas de estudo, de forma a avaliar a eficácia de diferentes mensagens sobre o novo coronavírus.

De acordo com as declarações do coautor do estudo, Peter Hall, à imprensa canadiana, isso pode representar um foco maior numa vantagem imediata ao obter uma vacina contra a Covid-19. Hall explica que “é improvável que [as pessoas] prestem muita atenção a mensagens que não se encaixem na visão delas”.

O coautor do estudo acrescentou que a melhor abordagem talvez seja “identificar um benefício de curto prazo” que tenha, até agora, passado despercebido ou até sido ignorado para efetivamente convencer certas pessoas a se vacinarem.

Além disso, o mesmo grupo também analisou outros possíveis fatores para essa hesitação, que podem variar entre os estados emocionais, opiniões sobre a gravidade da Covid-19, orientação política e confiança na ciência.

Ainda que cerca de 88% dos canadianos elegíveis se encontrem totalmente vacinados, os investigadores frisam que encontrar maneiras de aumentar essa taxa ainda é importante. Na verdade, vacinar mais cidadãos aliviaria o sistema de saúde do Canadá que se vê mais frágil em alturas de pico, além de evitar bloqueios.