Elon Musk acusado de corrupção após prometer prémios a eleitores

Washington, 28 mar 2025 (Lusa) – O bilionário norte-americano Elon Musk, conselheiro do Presidente republicano Donald Trump, prometeu oferecer dois milhões de dólares a votantes numa eleição no estado do Wisconsin, suscitando acusações de corrupção por parte dos adversários democratas.

“Domingo à noite, vou discursar no Wisconsin. A entrada será reservada aos que participaram na eleição para o Supremo Tribunal. Também vou entregar pessoalmente dois cheques no valor de um milhão de dólares cada um, para vos agradecer por terem dedicado tempo a votar”, escreveu Elon Musk numa mensagem publicada na plataforma X na quinta-feira à noite.

Na sexta-feira de manhã, esta mensagem tinha sido apagada, antes de o patrão da Tesla e da SpaceX a “esclarecer”.

“A entrada será reservada àqueles que assinaram a petição contra os juízes ativistas”, escreveu num novo post o bilionário, que apoia o candidato republicano.

Através da sua organização política, Elon Musk já tinha prometido, na semana passada, oferecer 100 dólares aos signatários de uma petição no Wisconsin contra os “juízes ativistas”.

Neste estado da região dos Grandes Lagos, é ilegal dar dinheiro a uma pessoa para votar.

O Partido Democrata do Wisconsin afirmou num comunicado que o primeiro anúncio de Elon Musk era “claramente um esquema ilegal de compra de votos”.

A eleição de terça-feira para um lugar no Supremo Tribunal do Wisconsin vai opor a democrata Susan Crawford ao republicano Brad Schimel, cuja vitória faria pender o Supremo Tribunal para os conservadores.

Hoje, a juíza Susan Crawford reagiu à primeira publicação do conselheiro presidencial afirmando que “Brad Schimel e Elon Musk são corruptos”.

A equipa de campanha de Crawford já tinha acusado o bilionário de “comprar um lugar no Supremo Tribunal do Wisconsin para obter uma decisão favorável no processo da sua empresa contra o Estado”.

A Tesla, o construtor de veículos eléctricos detido por Elon Musk, contesta a decisão do Wisconsin de não lhe conceder uma exceção à regra segundo a qual os fabricantes de automóveis não podem ser também proprietários de lojas de concessionários.

O caso pode acabar no Supremo Tribunal do estado.

A eleição no Wisconsin representa um dos primeiros grandes testes eleitorais do segundo mandato presidencial de Donald Trump – com duas eleições parciais na Florida no mesmo dia para assentos no Congresso.

No ano passado, durante a corrida para a Casa Branca, Elon Musk lançou uma lotaria em que oferecia um milhão de dólares por dia a um eleitor registado num dos sete estados decisivos para a vitória que assinasse uma petição conservadora.

Na altura, o Departamento de Justiça lembrou à equipa de Donald Trump que era ilegal oferecer uma recompensa valiosa a um cidadão por votar ou se registar para votar.

Musk anunciou este mês a intenção de doar 100 milhões de dólares a grupos ligados ao movimento de apoio a Donald Trump.

O anúncio foi feito depois de uma ação pública de apoio à compra de veículos Tesla por parte de Trump, que expôs vários modelos na Casa Branca, experimentou e elogiou-os, anunciando a compra de um para si próprio.

A exposição na Casa Branca foi feita num contexto de declínio das vendas da Tesla e do valor das acções da empresa devido aos atos de vandalismo e às críticas aos laços de Musk com a administração Trump, nomeadamente através do DOGE, departamento responsável por cortes na despesa pública, incluindo despedimentos em grande escala.

Musk também contribuiu com pelo menos 288 milhões de dólares para ajudar a eleger Trump e outros candidatos republicanos no ciclo eleitoral de 2024, tornando-o o maior doador político do país.

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