Centenas de mortos é o balanço do ‘Dia de Raiva’ de ontem no Egito. Promovido pela Irmandade Muçulmana dois dias após os massacres que vitimaram mais de duas mil pessoas durante a desocupação de acampamentos de apoiantes do presidente de posto, Mohamed Morsi, o dia de protestos desembocou, uma vez mais, em violência no Cairo e noutras cidades de norte a sul do país.
A ‘marcha da raiva’ no Cairo iniciou-se após as orações de sexta-feira e partiu de uma mesquita na Praça Ramsés, foco dos protestos contra a deposição de Morsi, no dia 3 de julho. As forças da ordem recorreram de imediato à violência para impedir o desfile dos manifestantes. Em cumprimento de “um novo enquadramento legal” divulgado ontem pelo Ministério do Interior, a polícia foi autorizada a usar munições reais contra os manifestantes, classificados pelo governo do presidente interino Adli Mansour como parte de “uma conspiração terrorista”.
Só no Cairo, a imprensa estrangeira confirmava ao fim da tarde a morte de pelo menos uma centena de pessoas, mas imagens chegadas de outras cidades davam conta de cenas de igual violência.
A repressão no Egito originou manifestações de apoio noutros países, entre eles Jordânia, Turquia, Paquistão, Sudão e Marrocos. Houve ainda marchas de solidariedade na Cisjordânia e em Jerusalém. Por outro lado, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, manifestou apoio aos “irmãos” do governo egípcio “na sua luta contra o terrorismo”.