Lisboa, 30 abr 2020 (Lusa) – O Teatro Nacional D. Maria II e o Teatro da Trindade, em Lisboa, estão entre as salas que só vão reabrir ao público em setembro, com o início de uma nova temporada, disseram hoje os seus responsáveis à agência Lusa.
O “Plano de Desconfinamento” aprovado hoje pelo Governo, que estabelece o levantamento gradual de medidas restritivas impostas pelo estado de emergência, em resposta à pandemia da covid-19, prevê, para 01 de junho, a reabertura de cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos, “com lugares marcados, lotação reduzida e distanciamento físico”.
Alguns teatros, contactados pela Lusa, garantiram, porém, que não vão reabrir ao público em 01 de junho, apesar de haver essa possibilidade, mediante redução de lugares, sujeitos a marcação e distanciamento.
Entre os teatros que permanecerão fechados ao público em 01 de junho contam-se o Teatro Nacional D. Maria II e o Teatro da Trindade/Inatel, em Lisboa, como afirmaram à Lusa responsáveis destas salas.
No caso do D. Maria II, fonte do conselho de administração disse que o que estava pensado era abrir em setembro, com a nova temporada, para 2020/2021, embora esta contemplasse peças que ficaram por representar, devido à epidemia de covid-19.
Em 01 de junho, o D. Maria II abrirá portas para trabalho de colaboradores no teatro, mas não com espetáculos para o público, garantiu à Lusa fonte do conselho de administração, acrescentando que em meados de junho será anunciada a data concreta de reabertura, assim como a programação.
O Teatro da Trindade/Inatel também só reabrirá ao público em setembro, disse à Lusa o diretor artístico, Diogo Infante.
Congratulando-se com “o sinal positivo” dado pelas medidas anunciadas hoje pelo primeiro-ministro, Diogo Infante frisou, no entanto, que a realidade dos teatros “é complexa e particular” quando comparada com outros setores da economia.
“Sem sabermos exatamente o que vai acontecer na redução da lotação e o que isso representa, é muito arriscado pensarmos em reabrir o teatro, porque para quem vive da bilheteira isso pode não se justificar”, disse Diogo Infante.
Além disso, acrescentou, é sempre uma “má política” reabrir um teatro em junho já que sabemos tratar-se de um mês de fraca audiência, pelo que decidimos manter a atividade fechada para nos concentrarmos na ‘rentrée’, em setembro”, indicou à Lusa o diretor artístico do Teatro da Trindade.
“Reabrir em setembro não significa que, pontualmente, não possa haver alguma atividade, mas será sempre pontual”, sublinhou.
Por seu turno, a Companhia de Teatro de Almada (CTA), com sede no Teatro Municipal Joaquim Benite, ainda não tem uma data para reabertura da sala.
O retomar de atividade daquele teatro está previsto para a edição deste ano do Festival de Almada (de 04 a 18 de julho), embora a companhia ainda desconheça se consegue realizar a iniciativa, uma vez que será “muito difícil, se não mesmo impossível, conseguir trazer companhias estrangeiras como em anteriores edições”, disse fonte daquele teatro à Lusa.
O diretor artístico da CTA, por seu lado, não quer pronunciar-se sobre a reabertura da sala, sem saber qual a redução da lotação que o plano do Governo prevê, entre outras condições.
Quem disse à Lusa que irá reabrir em junho foi o encenador João Garcia Miguel, diretor da companhia com o seu próprio nome, sediada no Teatro Ibérico, em Lisboa.
“Nem que seja para fazermos um espetáculo, desde que possamos abrir e mesmo que depois tenhamos de voltar a fechar”, disse, o teatro abre.
A reabertura plena deste teatro, contudo, está dependente de uma série de fatores que o Governo ainda não esclareceu, frisou João Garcia Miguel.
Quais as condições de higienização e desinfeção, qual a lotação suportada, e se essas condições não terão de ser fiscalizadas, acrescentou, sublinhando que junho nunca é um “bom mês para o teatro”.
“Regra geral, em junho, a sala era solicitada para escolas, para espetáculos de finalistas, por juntas de freguesia e para o Festival de Teatro Universitário, pois junho e julho são meses fracos para o teatro”, sublinhou à Lusa João Garcia Miguel.
Porém , “mesmo correndo o risco de podemos ter apenas um terço de público na sala, gostávamos muito de reabrir em junho”, frisou.
A Lusa contactou também o Centro Cultural de Belém, sem que tenha obtido resposta até ao momento.
A Fundação Calouste Gulbenkian, que mantém, através do seu ‘site’ e da sua presença no Facebook, o programa de concertos, documentários e iniciativas com o coro e a orquestra, cancelou a Temporada de Música, que devia terminar no início de junho, e anunciou que o Grande Auditório continuará fechado, tendo em curso o reembolso do valor dos bilhetes, por pedido ‘online’.
O conselho de administração da Gulbenkian anunciou também que o Museu Calouste Gulbenkian (Coleção Moderna e Coleção do Fundador) e a Biblioteca de Arte “manter-se-ão encerradas ao público até finais de maio”.
O Governo aprovou hoje, em Conselho de Ministros, o “Plano de Desconfinamento”, que prevê a reabertura de livrarias, bibliotecas e arquivos, na próxima segunda-feira, seguindo-se museus, galerias e monumentos, em 18 de maio, data que coincide com o Dia Internacional dos Museus.
Em conferência de imprensa, após a reunião, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou ainda que cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos podem abrir em 01 de junho, “com lugares marcados, lotação reduzida e distanciamento físico”.
António Costa salientou que em espaços fechados será necessário o uso de máscara.
Em relação à possibilidade de este ano se realizarem, ou não, os chamados ‘festivais de verão’, referiu que está a ser feita “uma avaliação”: “Oportunamente tomaremos uma decisão pública sobre essa matéria, provavelmente na próxima semana”.
O Governo decretou também a “proibição de eventos ou ajuntamentos com mais de 10 pessoas”, a partir da próxima segunda-feira.
Todas as decisões conhecidas hoje serão “reavaliadas a cada 15 dias”.
O setor cultural está praticamente encerrado em Portugal desde meados de março, quando foi decretado o estado de emergência para conter a pandemia da covid-19.
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