Praia, 16 jul 2024 (Lusa) — Cabo Verde quer que os programas com as instituições financeiras internacionais sejam mais longos, com maior previsibilidade e capazes de realizar as transformações estruturais no país, disse hoje o primeiro-ministro cabo-verdiano.
“Nós temos estado a colocar isto sobre a mesa, não só a nível das Nações Unidas, mas a nível das instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial (BM), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)”, afirmou Ulisses Correia e Silva.
Em declarações aos jornalistas após uma reunião com as agências das Nações Unidas em Cabo Verde, o chefe do Governo explicou que a ideia é mostrar que o processo de desenvolvimento é longo, “não termina em cinco, nem em 10 anos”.
“Definindo o caminho, os objetivos e a forma de atingir esses objetivos, a plurianualidade cria a possibilidade de termos previsibilidade, estabilidade, com que recursos é que vamos contar para podermos fazer as transformações estruturais que são necessárias”, justificou.
Projetos para três anos ficam sempre “no meio caminho do impacto”, disse.
Cabo Verde e a ONU assinaram em dezembro de 2022 mais um Quadro de Cooperação (2023-2027), no valor de 115 milhões de dólares (cerca de 105 milhões de euros ao cambio atual).
Para este ano, a organização conta disponibilizar 15,7 milhões de dólares (14,5 milhões de euros) para o plano de trabalho conjunto.
Além do financiamento, Cabo Verde trabalha com as Nações Unidas na assistência técnica, capacitação de quadros, apoio à elaboração de projetos e mobilização de recursos.
A reunião serviu para as partes reforçarem e identificarem novas oportunidades e estratégias de desenvolvimento, incluindo a mobilização de financiamento, e vai passar a ser anual, avançou o primeiro-ministro.
A coordenadora residente da ONU em Cabo Verde, Patrícia Portela de Sousa, salientou a importância desse diálogo estratégico de alto nível com Cabo Verde, onde as partes concertaram ainda o que podem fazer para acelerar a agenda 20-30.
A responsável disse que Cabo Verde “tem avançado” na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mas ainda persistem desafios, nomeadamente acelerar o quadro de cooperação através dos chamados ‘aceleradores’ dos ODS.
“Precisamos trabalhar ainda mais próximos, como Sistema das Nações Unidas, procurando cada mais vez mais sinergias e articulações entre as agências e os parceiros de desenvolvimento, para melhor apoiar o país nos próximos passos de desenvolvimento”, prometeu a coordenadora.
Atualmente, existem 19 agências, fundos e programas da ONU em Cabo Verde, dos quais cinco residentes, seis com representações locais e os restantes operam a partir de escritórios regionais e financiam 91 atividades em todos os municípios do país.
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