Bruxelas, 24 mar 2021 (Lusa) — O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse hoje que “cabe à China” provar que irá cumprir os compromissos que assumiu ao assinar um acordo de investimento com a União Europeia (UE), adiantando que, no passado, não o fez.
“No que se refere ao Acordo de Investimento [entre a UE e a China], a nossa opinião é que cabe à China demonstrar que os compromissos que fez não são apenas conversa, e que o governo chinês irá cumpri-los”, afirmou Antony Blinken em conferência de imprensa na sede da NATO, em Bruxelas, após o segundo dia da reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança.
Realçando que, esta tarde, irá reunir-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, Blinken disse que será uma ocasião para “partilhar as preocupações” que os Estados Unidos têm relativamente ao “comércio, investimento e direitos humanos” na China.
“Iremos continuar a colaborar com os parceiros europeus, incluindo com deputados do Parlamento Europeu, sobre como avançar os interesses económicos partilhados e contrariar algumas das ações agressivas e coercivas da China, assim como as suas falhas, pelo menos no passado, em cumprir os seus compromissos internacionais”, destacou.
O secretário de Estado norte-americano — que faz a sua primeira deslocação a Bruxelas desde que a nova administração norte-americana entrou em funções a 20 de janeiro –, disse também que o facto de se reunir com responsáveis europeus em Bruxelas, e de o Presidente dos Estados Unidos participar, por videoconferência, na cimeira dos chefes de Estado e de Governo da UE desta semana, mostra que os norte-americanos consideram a UE “um parceiro de primeiro recurso para um conjunto vasto de assuntos, incluindo a China”.
Nesse âmbito, Blinken afirmou que, quando a NATO ou os Estados Unidos e a UE “trabalham juntos” e “falam com uma única voz”, são “muito mais fortes e muito mais eficazes” do que se o fizerem “sozinhos”.
“E por isso, por exemplo, no que se refere a lidar com algumas das práticas da China na área comercial — na área do comércio e do investimento — a que todos nos opomos, se os Estados Unidos as enfrentar sozinho, representa apenas 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Se trabalharmos com os nossos parceiros europeus, asiáticos ou outros, podemos representar 40%, 50% ou 60% do PIB mundial e isso faz com que seja muito mais difícil para Pequim ignorar-nos”, destacou.
Em 30 de dezembro, Bruxelas e Pequim chegaram a consenso preliminar para um acordo global de investimento UE-China, após sete anos de negociações (começaram em novembro de 2013), e apesar de o conselheiro de Segurança Nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, ter pedido aos parceiros europeus que esperassem pela entrada em funções da nova administração antes de ‘fecharem’ o acordo.
O objetivo é, através deste acordo de investimento, proteger mutuamente os investimentos europeus na China e os investimentos chineses na UE, tornando nomeadamente mais fácil que investidores da Europa comprem participações em empresas chinesas, para esta passar a ser uma relação recíproca.
O grupo dos 27 exige também maior respeito pela propriedade intelectual, o fim das transferências forçadas de tecnologia impostas a empresas estrangeiras na China e os subsídios excessivos atribuídos às empresas públicas chinesas.
O texto do acordo deverá agora ser finalizado pelas partes e aprovado pelo Conselho (Estados-membros) e pelo Parlamento Europeu.
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