BRASIL PERDEU 4,6 MILHÕES DE LEITORES EM QUATRO ANOS – SONDAGEM

São Paulo, 11 set 2020 (Lusa) — O Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores nos últimos quatro anos, segundo uma sondagem divulgada hoje pelo Instituto Pró-Libro, entidade que publica um amplo retrato da leitura no país a cada quatro anos.

O estudo chamado ‘Retratos da Leitura no Brasil’ indicou que a percentagem de brasileiros considerados leitores, que havia passado de 50% em 2011 para 56% em 2015, caiu para 52% em 2019.

Com exceção da faixa etária de 5 a 10 anos, em que a percentagem de leitores passou de 62% em 2015 para 66% em 2019, em todas as demais faixas etárias houve redução do número de leitores, principalmente entre adolescentes de 14 e 17 anos e entre os jovens de 18 a 24 anos.

O estudo também mostrou que, apesar de o Brasil ser um dos países mais desiguais do mundo e sofrer com diferenças sociais históricas, a redução de leitores foi maior entre os brasileiros de classes sociais mais altas (A e B).

A percentagem de leitores que se formaram em universidades caiu de 82% em 2015 para 68% em 2019, entre os brasileiros de classes sociais altas caiu de 76% para 67% e entre os que tem mais rendimento caiu de 82% para 70%.

A forte redução do número de leitores foi atribuída, entre outros motivos, à grave crise económica vivida pelo país entre 2015 e 2016, bem como ao aumento do tempo que os brasileiros passam na internet e nas redes sociais.

“Não podemos esquecer que vivíamos no período uma crise económica muito grave que dificultava o acesso ao livro, tanto nas compras quanto nas visitas às bibliotecas”, disse numa conferência de imprensa a coordenadora do estudo, Zoara Failla.

“Mas se pesaram os fatores macroeconómicos, a internet também foi um fator. A surpresa da queda do percentual de leitores entre as classes A e B, entre os universitários e entre os de maior renda, que historicamente foram os maiores leitores, nos mostra que as pessoas estão dedicando seu tempo livre às redes sociais”, acrescentou.

Segundo Failla, o aumento do tempo gasto nas redes sociais também explica a queda no percentual de leitores entre os adolescentes.

A sondagem mostrou que a percentagem de brasileiros que usam a internet no tempo livre passou de 47% em 2015 para 66% em 2019 e o dos que usam o WhatsApp saltou de 43% para 62%.

O estudo, encomendado ao Ibope e apoiado pelo Instituto Itaú Cultural, ouviu 8.076 brasileiros com idade mínima de 5 anos nos 27 estados do país e tem margem de erro de 1,1 ponto percentual, segundo os responsáveis.

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