Deitado de bruços e agarrado ao capacete, o bombeiro Pedro Miguel Rodrigues, de 41 anos, sucumbiu ontem em missão e deu a vida a defender os bens de terceiros – foi o segundo voluntário a perder a vida no inferno das chamas deste ano, no qual dezenas ficaram feridos e vão ter marcas para toda a vida. Ontem, um violento fogo evoluiu rapidamente e foi fatal para o bombeiro da Covilhã quando, com mais cinco colegas, tentava proteger casas e fábricas. Os gritos dos colegas para fugir já não foram a tempo de se livrar das chamas, tocadas por um vento traiçoeiro. Em Aldeia Viçosa e Porto da Carne, na Guarda, também se viveram momentos dramáticos, com várias casas destruídas e cinco pessoas feridas.
Mas foi na Covilhã que os bombeiros portugueses perderam mais um elemento. “Estava com uma coluna de vários homens e cinco carros a proteger uma zona de habitações. Quando o fogo avançou pelo mato na direção deles, recolheram o material e recuaram as viaturas. Todos os companheiros achavam que o Pedro estava num dos outros carros, e só tarde de mais se aperceberam de que ele tinha ficado para trás”, descreveu ao CM fonte da Proteção Civil envolvida no combate. Depois de se aperceberem da sua falta, os bombeiros terão tentado resgatar o companheiro. Mas Pedro não resistiu e acabou por morrer carbonizado.
“Os bombeiros que o acompanhavam estão a receber apoio psicológico”, diz Joaquim Matias, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros da Covilhã, adiantando que a corporação está de luto e destroçada. “É um dia muito triste para todos os bombeiros e para os covilhanenses em particular. Resta esperar pelo relatório do inquérito ao incidente para sabermos exatamente o que se passou”, frisou ao CM fonte da corporação. “Perdemos mais um herói, que saiu do conforto da casa ou do convívio dos amigos para proteger pessoas e bens. Isto deixa marcas de sofrimento e emoção”, disse ao CM Jaime
Soares, presidente da Liga dos Bombeiros. A Autoridade Nacional de Proteção Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias desta morte.