Belfast, 21 abr 2021 (Lusa) — A maioria da população, a norte e a sul da fronteira entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte, prevê uma reunificação da ilha dentro de 25 anos, segundo uma sondagem da BBC.
Cerca de 54% dos irlandeses e 51% dos norte-irlandeses acreditam que a província britânica não vai fazer parte do Reino Unido dentro de 25 anos, segundo a pesquisa revelada pela BBC na noite de terça-feira.
Cerca de 2.845 pessoas foram questionadas na Irlanda do Norte no início de abril e perto de 1.100 na República da Irlanda.
Os entrevistados estimam que essa mudança não acontecerá nos próximos 10 anos — o que coincide com os resultados de outra sondagem encomendada pela organização pró-europeia European Movement Ireland (EMI) e divulgada hoje na Irlanda.
Apenas 32% da população da República da Irlanda acredita que “vai haver uma Irlanda unida na União Europeia nos próximos 10 anos”, de acordo com esta última sondagem.
A Irlanda do Norte foi criada há 100 anos, mas o seu estatuto tem sido questionado desde então.
O voto dos britânicos a favor do ‘Brexit’ em 2016 relançou o debate sobre o futuro da província, que tem cerca de 1,9 milhões de habitantes.
Cerca de 56% das pessoas na Irlanda do Norte votaram pela permanência na UE nesse referendo, uma população que pode querer juntar-se novamente à Irlanda para permanecer no clube europeu.
O ‘Brexit’ reabriu velhas feridas nesta região marcada por três décadas de violência entre republicanos — principalmente católicos a favor da reunificação com a Irlanda — e unionistas protestantes, fervorosos defensores da pertença ao Reino Unido.
O Acordo de Sexta-feira Santa, concluído em 1998, encerrou um conflito que deixou cerca de 3.500 mortos e estabeleceu uma paz frágil, embora alguns grupos paramilitares tenham permanecido ativos.
As tensões ressurgiram recentemente, alimentadas pela raiva com a introdução de novos controlos alfandegários e de saúde entre a província britânica e o resto do Reino Unido desde 01 de janeiro.
Estas disposições provocaram o descontentamento dos unionistas que denunciam a instauração de uma fronteira no mar da Irlanda.
Apenas o Governo britânico tem o poder de convocar um referendo sobre a unificação da Irlanda.
O Acordo de Sexta-feira Santa estabelece a organização desse escrutínio “se parecer provável que a maioria dos eleitores expresse o desejo de que a Irlanda do Norte deixe de fazer parte do Reino Unido e passe a pertencer a uma Irlanda unida”.
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