Pedidos de asilo no Canadá aumentam após regresso de Trump

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As políticas da administração de Donald Trump não agitaram apenas as relações comerciais e económicas entre Estados Unidos da América (EUA) e Canadá. A imigração também regista um auge de preocupações, com um aumento constante do número de pessoas que pedem asilo. A informação foi divulgada pela Agência de Serviços e Fronteiras do Canadá (CBSA) a 8 de abril.

Os dados da CBSA mostram que o número de pedidos de asilo no ponto de entrada de St-Bernard-de-Lacolle, a sul de Montreal, aumentou desde o início do ano, com um máximo de 1.356 pedidos em março e 557 pedidos nos primeiros cinco dias de abril, até 5 de abril.

O fenómeno não é novidade, uma vez que durante a primeira administração Trump, as políticas rigorosas contra os migrantes haitianos levaram milhares deles a viajar para o Canadá, sobretudo para o Quebec.

Segundo as autoridades da fronteira, o aumento do número de aspirantes a refugiados no posto de St-Bernard-de-Lacolle coincide com a iminente expiração do estatuto temporário de centenas de milhares de migrantes nos Estados Unidos.

A Segurança Interna dos EUA adiantou em março que estava a revogar o estatuto temporário de 532 mil pessoas de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela que viajaram para o país às suas próprias custas com um patrocinador financeiro. A administração Trump também anunciou o fim do Estatuto de Proteção Temporária para 600 mil venezuelanos e cerca de 500 mil haitianos, que deveria expirar em agosto.

O Acordo sobre Países Terceiros Seguros entre o Canadá e os EUA exige que as pessoas peçam asilo no primeiro país a que chegam – o que significa que não podem viajar para os EUA, por exemplo, e depois pedir asilo no Canadá. No entanto, existem excepções. Podem pedir asilo: os candidatos a refugiados que tenham um membro da família no Canadá, os menores não acompanhados, ou qualquer pessoa que atravesse ilegalmente a fronteira e se esconda no Canadá durante duas semanas antes de pedir asilo.

Contudo, apesar do aumento dos pedidos de asilo, a polícia disse que não registou um pico de travessias ilegais da fronteira, apesar da Royal Canadian Mounted Police (RCMP) divulgar a captura de nove imigrantes haitianos que tentavam entrar no Quebec, vindos de Nova York, no primeiro fim de semana de abril.

Quanto às travessias ditas legais, e de cariz turístico, o Global Affairs Canada atualizou o seu aviso de viagem para os canadianos que pretendem visitar os EUA. As autoridades das fronteiras estão a ser minuciosas, incluindo na verificação de aparelhos eletrónicos, como telemóveis, tablets e computadores. Conteúdo que sugira desacordo com a política americana pode ser utilizado como justificação de autorização negada nos EUA.

O Global Affairs Canada também relembrou a importância de ter o comprovativo de estatuto da sua viagem, principalmente se planear ficar mais de 30 dias nos EUA. O serviço governamental canadiano alerta que as autoridades americanas estão a ser rigorosas e podem inclusive deter e deportar quem não se enquadrar nos seus requisitos, incentivando a procurar acompanhamento jurídico e passar por uma inspeção pré-voo ainda em território canadiano.