O Governo Liberal não conseguiu apresentar nenhum dos seus assuntos à Câmara dos Comuns durante uma semana inteira e os conservadores afirmaram, a 3 de outubro, que isso é o resultado da “corrupção” dos liberais.
O líder dos conservadores na Câmara, Andrew Scheer, disse que o partido do governo preferia ver a Câmara atolada em debates do que produzir documentos relacionados com o dinheiro mal gasto pelo governo num programa que o seu partido apelidou de ‘fundo verde’.
A 26 de setembro, o presidente da Câmara dos Comuns, Greg Fergus, considerou que o Governo não cumpriu na íntegra uma ordem da Câmara para fornecer documentos relacionados com uma fundação, agora extinta, responsável pela distribuição de centenas de milhões de dólares federais para projetos de tecnologia verde.
Desde então, a Assembleia tem estado a debater o assunto e Scheer afirmou que assim continuará até que o Governo concorde em entregar os documentos à polícia.
A Royal Canadian Mounted Police (RCMP) disse aos deputados, no verão, que provavelmente não poderiam utilizar os documentos como parte de uma investigação, mas Scheer disse que deveriam ter acesso a toda a informação antes de tomarem uma decisão.
Os liberais alegaram que o facto de ordenar a apresentação de documentos à RCMP ultrapassa as fronteiras entre o Parlamento e o poder judicial e culpam os conservadores pela disfunção da Assembleia.
A líder dos liberais na Câmara, Karina Gould, considerou o pedido de documentos um abuso do poder do Parlamento, que atropela os direitos dos canadianos consagrados na Carta.
Este é mais um dos incidentes políticos que revelam que a Assembleia tem estado num estado de agitação quase constante desde que os deputados regressaram a Ottawa, em meados de setembro.
Os conservadores fizeram duas tentativas para derrubar o governo minoritário com moções de censura, sem sucesso.
Para além disso, a primeira semana de outubro foi palco de mais uma moção apresentada, desta vez pelo Bloc Québécois para pressionar o Governo a apoiar o seu projeto de reforma para os idosos com menos de 75 anos, uma alteração que custaria mais de 3 mil milhões de dólares por ano.