Os dois setores que mais lucraram com mais-valias empresariais nos últimos cinco anos não criaram novos empregos nesse período. É o que revela um novo estudo publicado pelo Centre for Future Work e pelo Institut de recherche et d’informations socioeconomiques.
Mais-valias referem-se ao lucro obtido pela venda de um ativo por um valor superior ao seu custo de aquisição. São, portanto, os ganhos obtidos quando, por exemplo, uma empresa vende uma propriedade ou investimento por um preço maior do que aquele pelo qual comprou.
Os setores de intermediação financeira, que incluem empresas de capital de risco e bancos de investimento, juntamente com o setor imobiliário, geraram 52,6% de todas as mais-valias empresariais entre 2018 e 2022. No entanto, extinguiram, em conjunto, quase 5 mil postos de trabalho no mesmo período.
De acordo com os autores do estudo, o tratamento fiscal favorável das mais-valias beneficia desproporcionalmente os mais ricos, sem contribuir para a economia ou para a criação de emprego.
Estas conclusões surgem no contexto de um debate aceso no Canadá sobre a decisão do Governo de aumentar a taxa de inclusão das mais-valias. A medida é defendida pelo primeiro-ministro Justin Trudeau como uma forma de tornar o sistema fiscal mais justo.
A taxa refere-se à percentagem do lucro que é sujeita a imposto. Recentemente, o Governo aumentou essa percentagem de 50% para 66%, o que significa que a maior parte das mais-valias está agora sujeita a tributação.
Grupos empresariais opuseram-se firmemente ao aumento. Alegam que prejudica os contribuintes, mesmo que de forma indireta, impactando a inovação e o investimento empresarial.