Nomeação histórica em tempo de desafios para as Forças Armadas canadianas
A general Jennie Carignan assumiu oficialmente o comando das Forças Armadas Canadianas, como chefe do Estado-Maior da Defesa, tornando-se assim a primeira mulher a ser promovida a esse cargo.
Carignan foi também promovida ao posto de general durante a cerimónia de mudança de comando, realizada na quinta-feira, 18 de julho, no Museu Canadiano da Guerra, em Ottawa, substituindo o general Wayne Eyre, que se reforma após 40 anos de serviço.
“É um momento importante porque vai dar às jovens mulheres a esperança de realizarem os seus próprios sonhos”, disse Sandra Perron, a primeira mulher oficial de infantaria do Canadá e major reformada.
Carignan, pioneira nas forças armadas, tornou-se a primeira mulher canadiana a comandar uma unidade de armas de combate em 2008 e tem tido uma carreira distinta, incluindo o comando da missão de treino da NATO, no Iraque, em 2020, e a liderança do regimento de engenheiros da Força de Intervenção de Kandahar, no Afeganistão, de 2009 a 2010.
Até à pouco tempo, Carignan foi responsável pela transformação da cultura militar em resposta a uma crise de má conduta sexual. A sua nomeação ocorre no momento em que o Canadá assinala 35 anos desde que as mulheres foram autorizadas a prestar serviço na maioria das profissões militares.
Carignan assume o cargo numa altura difícil para as Forças Armadas Canadianas (CAF), que se debatem com um enorme défice de pessoal. No início deste ano, a CBC News noticiou que apenas 58% das CAF estariam em condições de responder se fossem chamadas a intervir numa crise pelos aliados da NATO, e quase metade do equipamento militar é considerado “indisponível e inutilizável”.
Apesar destes desafios, Carignan encontra-se numa posição “invejável”, de acordo com Dave Perry, presidente e diretor executivo do Canadian Global Affairs Institute, uma vez que o primeiro-ministro Justin Trudeau prometeu cumprir o objetivo da NATO de aumentar a despesa militar para 2% do PIB nacional até 2032.