Polémica: Homenagem a veterano de guerra no Parlamento gera críticas

A Rússia e grupos judeus canadianos criticam a homenagem a um veterano da Segunda Guerra Mundial no Parlamento. Em causa estão as ovações feitas, na semana passada, a Yaroslav Hunka, que combateu por Adolf Hitler.

O Kremlin afirmou esta segunda-feira, dia 25 de setembro, ser “escandaloso” que um ucraniano que serviu Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial tenha sido apresentado ao Parlamento do Canadá como um herói.

Yaroslav Hunka, de 98 anos, foi aplaudido de pé pelos deputados canadianos durante a visita de Volodymyr Zelensky. O ‘speaker’ da Câmara dos Comuns apresentou, entretanto, um pedido de desculpas aos grupos judeus pelo incidente.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, diz que o episódio demonstra um desrespeito descuidado pela verdade histórica e que a memória dos crimes nazis deve ser preservada.

“Esta falta de memória é escandalosa”, disse Peskov aos jornalistas. “Muitos países ocidentais, incluindo o Canadá, criaram uma geração jovem que não sabe quem lutou contra quem ou o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. E não sabem nada sobre a ameaça do fascismo.”

Várias organizações de defesa judaica também condenaram a atitude no Parlamento e exigiram um pedido de desculpas.

“É devido um pedido de desculpas a todos os sobreviventes do Holocausto e aos veteranos da Segunda Guerra Mundial que lutaram contra os nazis, e deve ser dada uma explicação sobre a forma como este indivíduo entrou nos corredores sagrados do Parlamento canadiano e recebeu o reconhecimento do ‘speaker’ e uma ovação de pé”, refere um comunicado do Centro Amigos de Simon Wiesenthal para Estudos do Holocausto.

O ‘speaker’ Anthony Rota apresentou Hunka como “um veterano de guerra ucraniano-canadiano da Segunda Guerra Mundial, que lutou pela independência da Ucrânia contra os russos” e “um herói ucraniano e um herói canadiano”.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Ucrânia fazia parte da União Soviética, alguns nacionalistas ucranianos juntaram-se às unidades nazis porque viam os alemães como libertadores da opressão soviética.

“Posteriormente, tomei conhecimento de mais informações que me levam a lamentar a minha decisão de [homenagear Hunka]. Quero deixar claro que ninguém, incluindo os colegas deputados e a delegação ucraniana, tinha conhecimento da minha intenção ou dos meus comentários antes de os proferir”, afirmou o ‘speaker’.

“Quero, em particular, apresentar as minhas mais sinceras desculpas às comunidades judaicas do Canadá e de todo o mundo”, acrescentou.