Nações Unidas, Nova Iorque, 24 mar 2021 (Lusa) — O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou hoje continuar profundamente preocupado” com as informações sobre a “presença persistente de elementos estrangeiros” em redor de Sirte e no centro da Líbia.
Guterres manifestou essa preocupação num relatório enviado ao Conselho de Segurança, que deverá analisar ainda hoje o documento, em que se admite que, apesar de alguns desses elementos terem já abandonado o país, o total é “ainda insuficiente”.
No relatório é referido que algumas forças estrangeiras partiram a 28 de fevereiro do centro e do oeste de Sirte em direção a Wadi Harawa, 50 quilómetros a leste, para ajudar a proteger a cidade e permitir a reabertura do aeroporto de Al-Ghardabiya.
“[Mas] não houve relatos de redução das forças estrangeiras ou de atividades no centro da Líbia”, lamenta António Guterres no relatório.
Em dezembro de 2020, a ONU estimou em 20.000 o número de soldados e mercenários estrangeiros ativos na Líbia.
“Reitero o meu apelo a todos os atores nacionais, regionais e internacionais para respeitarem as disposições do acordo de cessar-fogo, a fim de se assegurar a respetiva aplicação sem demoras. E isso inclui o respeito total e incondicional do embargo das Nações Unidas à venda de armas”, incitou o secretário-geral da ONU.
Vários relatórios das Nações Unidas têm sublinhado a presença na Líbia de, entre outros, mercenários russos, chadianos, sudaneses e sírios, bem como de unidades militares turcas.
No relatório, Guterres pormenoriza a sua proposta para a implantação gradual de uma missão de observação do cessar-fogo e da saída de mercenários e tropas estrangeiras.
No entanto, não especifica o número de observadores previstos, que serão civis desarmados, de acordo com as partes líbias.
Numa primeira fase, o mecanismo de observação, integrado na Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL), estaria focado na estrada costeira, estendendo-se, depois, a um triângulo entre Abu Grain, Bin Jawad e Sawknah, antes de uma possível terceira etapa, alargando a operação a outras regiões.
Segundo diplomatas citados pela agencias France-Presse que pediram anonimato, o Conselho de Segurança aguarda por uma resolução que está a ser preparada pelo Reino Unido para especificar o mandato desse mecanismo de observação e dar “luz verde” para a sua ativação formal.
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