Governo não quer que Groundforce “caia” mas solução “não é fácil”

Lisboa, 24 mar 2021 (Lusa) — O ministro das Infraestruturas e da Habitação garantiu hoje que o Governo não quer que a Groundforce “caia”, mas admitiu que a solução para os problemas que a empresa de assistência em aeroportos enfrenta devido à pandemia “não é fácil”.

“O Estado português e o Governo não querem que a Groundforce caia, não querem que a Groundforce desapareça, nós estamos é a encontrar uma solução decente para a empresa e, ao mesmo tempo, para a TAP”, afirmou Pedro Nuno Santos, que está a ser ouvido na Assembleia da República.

“Nós [Governo] temos de encontrar uma solução, faremos o nosso trabalho, não é fácil, mas nós estamos a fazer isso”, acrescentou.

Segundo o governante, é necessário encontrar uma “solução estrutural” para a empresa de ‘handling’, cuja situação financeira foi prejudicada pela pandemia de covid-19 e as medidas restritivas à circulação aérea.

Depois de semanas de negociações com o acionista privado que detém 50,1% da Groundforce, Alfredo Casimiro, foi possível chegar a um acordo para desbloquear verbas que permitam pagar os salários em atraso aos trabalhadores e fazer face às despesas mais prementes.

O acordo prevê que a TAP (acionista minoritário e principal cliente) compre por cerca de sete milhões de euros os equipamentos da empresa de ‘handling’ e que a Groundforce pague 461.762 euros mensais à TAP pelo aluguer dos equipamentos que a companhia lhe comprou.

Desta forma, a Groundforce tem um “balão de oxigénio” de dois meses, mas precisa de mais auxílio para se manter em atividade.

“Estamos a trabalhar numa solução estrutural para a empresa, não desistimos, mas, obviamente, temos um problema. Dificilmente a empresa terá mais alguma coisa para dar à TAP em abril, é preciso termos consciência disso”, disse Pedro Nuno Santos, lembrando que “a TAP não pode continuar a fazer adiantamentos” à Groundforce.

Questionado sobre o aumento de capital que esteve em cima da mesa, o ministro das Infraestruturas disse essa proposta da TAP falhou, porque o “acionista privado não tem dinheiro para meter na TAP, mas também não quer que a TAP venda sozinha”.

Na semana passada, Alfredo Casimiro disse, durante uma audição parlamentar, que tinha capacidade de responder ao aumento de capital, mas precisava de ver garantida a renovação do contrato de prestação de serviços com a TAP durante mais 10 anos.

“Estamos a faltar de alguém que tem dezenas de milhões de euros de dívidas. Se tem milhões de euros para fazer um aumento de capital, tinha antes de pagar a quem deve”, considerou hoje o ministro das Infraestruturas.

Relativamente às notícias que têm sido avançadas por alguns órgãos de comunicação social, a dar conta de que o Montepio, que tem o penhor das ações de Alfredo Casimiro na Groundforce, já deu início ao processo de execução da penhora, Pedro Nuno Santos disse que, a ser verdade, “é uma boa notícia”.

“Se isso for verdade, abre uma nova perspetiva de resolução ao problema da Groundforce, porque eu acho que um dos principais problemas […] é o atual acionista privado”, sublinhou o ministro.

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