Redação, 09 set 2020 (Lusa) — A UNICEF está “profundamente solidária” e “disponível para apoiar mais de 4.000 crianças” depois do incêndio hoje no campo de refugiados de Moria, na Grécia, tendo transformado um centro de apoio próximo do local num abrigo de emergência.
“A UNICEF está profundamente solidária com os refugiados e migrantes afetados pelo incêndio no campo de Moria, na Grécia, e está disponível para apoiar na resposta às necessidades urgentes de mais de 4.000 crianças, em particular das 407 crianças não acompanhadas e extremamente vulneráveis”, referiu a organização em comunicado enviado hoje.
Vários incêndios deflagraram às primeiras horas da madrugada de hoje no maior campo de refugiados na Grécia, em Moria, na ilha de Lesbos, levando milhares a fugir, de acordo com as autoridades.
O governo grego anunciou que vai declarar estado de emergência em Lesbos depois do fogo que destruiu praticamente todo o local e deixou cerca de 13.000 desabrigados.
“Transformámos o Centro de Apoio à Criança e à Família da UNICEF de Tapuat, próximo do campo de Moria, num abrigo de emergência. Este campo está disponível para receber e acomodar temporariamente as pessoas mais vulneráveis, incluindo crianças não acompanhadas, mulheres grávidas e outras com necessidades específicas, até que sejam encontradas alternativas. Mais de 150 crianças não acompanhadas já se encontram neste centro”, pode ler-se na nota.
A UNICEF sublinhou ainda que a prioridade é “garantir a segurança e a proteção das crianças” em coordenação com o governo grego e reforçou a importância de um Pacto da União Europeia para as Migrações.
“Os acontecimentos da noite passada relembram-nos da necessidade urgente de ter um Pacto da União Europeia para as Migrações de cariz humano, sensível às necessidades das crianças e que respeite os direitos da criança à proteção e serviços de qualidade em toda a Europa”, conclui o documento.
Também a Amnistia Internacional exigiu uma ação europeia imediata face à “emergência humanitária” no campo de refugiados, atribuindo às “políticas imprudentes” da União Europeia o desencadear da atual situação.
O incêndio foi detetado depois de ter sido anunciado que 35 pessoas do campo tinham obtido resultado positivo no teste para deteção da infeção da covid-19 e que iriam ser transferidas para uma área especial de isolamento.
Imagens em direto transmitidas pela televisão pública grega ERT mostram como muitos refugiados, incluindo crianças, estavam hoje de manhã a circular no campo à procura dos seus pertences, sem serem impedidos por ninguém, apesar de, em alguns pontos, ainda existirem pequenas chamas e de as temperaturas dos objetos carbonizados continuarem muito altas.
Moria é o maior campo de refugiados da Europa e aquele que tem piores condições, já que alberga cerca de quatro vezes mais pessoas do que a sua capacidade.
Até agora não há informação de vítimas, mas os bombeiros continuam sem conseguir aceder a todas as tendas e contentores de alojamento.
AXYG (ANE/SCA/PMC) // ANP
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