Pequim, 09 set 2020 (Lusa) – O território separatista da Somalilândia inaugurou hoje um escritório de representação em Taipé, numa ação condenada por Pequim, que considera Taiwan uma província e não uma entidade política soberana.
O representante do território em Taiwan, Mohamed Hagi, disse que o comércio, a segurança e o desenvolvimento são aspetos essenciais para “esta relação muito especial”.
Os dois territórios são “membros da mesma comunidade de democracias, fundadas em liberdades políticas e económicas compartilhadas, bem como por valores internacionais”, disse Hagi.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, disse que ambos enfrentam pressões externas, mas que estão “orgulhosos da soberania e prontos para defendê-la”.
Taiwan tem apenas 15 aliados diplomáticos formais e é considerado pela China como parte do seu território, enquanto a Somalilândia é reconhecida internacionalmente como parte da Somália, da qual se separou em 1991, quando o país entrou em guerra civil.
A Somalilândia foi em grande parte poupada da violência e dos ataques extremistas que assolaram o resto da Somália.
Embora nem Taiwan nem a Somalilândia sejam reconhecidos pelas Nações Unidas, ambos mantêm os seus próprios governos, moedas e sistemas de segurança independentes.
As movimentações para formalizar os laços começaram depois de Wu e o homólogo da Somalilândia, Yasin Hagi Mohamoud, terem assinado um acordo bilateral em Taipé, em 26 de fevereiro passado.
Taiwan tem fornecido bolsas de estudo para estudantes da região, que tem 3,9 milhões de pessoas, e cooperado em áreas como pesca, agricultura, energia, mineração, saúde pública e educação.
Após o anúncio em julho do acordo para estabelecer escritórios de representação, o Governo chinês acusou Taiwan de “minar a soberania e integridade territorial da Somália”.
“A China opõe-se firmemente a que Taiwan e a Somalilândia estabeleçam uma agência oficial ou realizem qualquer forma de intercâmbio oficial”, disse então o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian.
A China tentou destruir acordos semelhantes no passado, recorrendo aos seus enormes recursos económicos para conquistar aliados de Taiwan.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo Governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
A ilha funciona como uma entidade política soberana, apesar de o regime chinês considerar que está sob a sua soberania. Pequim condena qualquer contacto oficial entre a ilha, de 23 milhões de habitantes, e autoridades estrangeiras.
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