BANCO DE MOÇAMBIQUE CONSIDERA PERSPETIVAS CADA VEZ MAIS INCERTAS

Maputo, 17 jun 2020 (Lusa) – O Banco de Moçambique considerou hoje que as perspetivas económicas para os próximos tempos são cada vez mais incertas no país, devido à covid-19 e ao conflito militar em Cabo Delgado, norte do território.

A avaliação consta do comunicado da reunião do Comité de Política Monetária (CPMO).

Desde a última reunião do CPMO, a 16 de abril, “os riscos e incertezas agravaram-se significativamente”, referiu o órgão.

“A nível interno, as restrições impostas no âmbito da prevenção da covid-19 e a instabilidade militar, sobretudo na zona norte do país, poderão afetar severamente o desempenho económico em 2020, num contexto em que a procura externa para os produtos nacionais está cada vez mais baixa”, notou o banco central. 

Para 2021, espera-se “uma retoma suave do crescimento, assente na normalização gradual da pandemia”.

“No primeiro trimestre de 2020, a economia cresceu 1,7%, após 1,5% no último trimestre de 2019”, referiu.

No que respeita a divisas, o mercado dispõe de valor suficiente “para apoiar a atividade económica no curto e médio prazo”. 

“Desde abril, o sistema bancário nacional comprou divisas no mercado doméstico no valor de 1.096 milhões de dólares [975 milhões de euros] e vendeu aos seus clientes um total de 1.022 milhões de dólares [909 milhões de euros], o que resultou num excedente de 74 milhões de dólares [65 milhões de euros]”, detalhou o banco. 

A taxa de câmbio continuou a registar uma depreciação, “embora a ritmos cada vez menores nas últimas semanas”, acrescentou. 

No mesmo período, as reservas internacionais aumentaram em 321 milhões de dólares (285 milhões de euros) para um saldo de 4.000 milhões de dólares (3.560 milhões de euros), “cifra que permite cobrir mais de seis meses de importações”. 

No mercado monetário interbancário, a liquidez mantém-se em níveis elevados, referiu hoje o banco central.

“As medidas de mitigação da covid-19 poderão afetar o perfil das contas públicas, mas espera-se que parte significativa da pressão seja minimizada pelos apoios dos parceiros de cooperação”, concluiu.

A avaliação foi feita na reunião em que o regulador bancário moçambicano reduziu a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) em 100 pontos base para 10,25%.

A próxima reunião ordinária do CPMO está agendada para 20 de agosto.

Moçambique tem um total acumulado de 651 casos de covid-19 com quatro mortos e 169 recuperados.

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