Lisboa, 10 jun 2020 (Lusa) — A agência de ‘rating’ Moody’s defendeu hoje que as curvas de rendimento planas são a principal ameaça para as margens financeiras líquidas dos bancos (NIMs), tendo em conta que as taxas permanecem baixas por mais tempo.
“As curvas de rendimento exercem uma forte influência sobre as NIMs. A maioria dos bancos contrai empréstimos com taxas de curto prazo baixas e empresta com taxas de longo prazo mais altas”, lê-se num relatório da Moody’s hoje divulgado.
A diferença entre as taxas de curto e longo prazo tem assim um “maior impacto” nas margens dos bancos do que o nível absoluto das taxas de juro, apontou, exemplificando que as NIMs dos bancos japoneses são mais baixas do que as dos EUA porque a curva achatou antecipadamente no Japão.
De acordo com o mesmo documento, as taxas de juro globais caíram acentuadamente desde a crise financeira de 2008/2009 e a diferença entre as taxas de juro de curto e longo prazo diminuiu, achatando as curvas de rendimento.
No entanto, as NIMs doa bancos permaneceram resilientes na zona euro e nos Estados Unidos, enquanto no Japão começaram em queda desde 2009.
A trajetória das taxas é “altamente incerta” devido ao estímulo monetário face à pandemia de covid-19, revelou a agência de ‘rating’, ressalvando que “há um risco material de que as taxas permaneçam baixas por mais tempo e em mais países”.
No mesmo documento, a Moody’s sublinhou que o impacto das taxas baixas e das curvas achatadas na margem dos bancos está ainda dependente do ambiente operacional, dinâmica competitiva, estrutura de financiamento dos bancos, assim como da diferença entre a duração dos ativos e passivos das instituições financeiras e de quaisquer ações de mitigação adotadas pelos bancos.
“Estes fatores podem tornar o sistema bancário mais ou menos vulnerável perante as taxas baixas e as curvas de rendimento achatadas”, concluiu.
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